Música no Câmpus 30nov2021

Um banquinho, um violão e muitas histórias no Música no Câmpus

Em 01/12/21 11:00.

Wanda Sá e Roberto Menescal cantam clássicos da bossa nova no último show da temporada 

Música no Câmpus 30nov2021
Wanda Sá e Roberto Menescal: cumplicidade, parceria e boa música 

 

Texto: Versanna Carvalho

Foto: reprodução YouTube UFG Oficial

Dois velhos amigos sentados em banquinhos, cada um com o seu violão, cantam, tocam e conversam sobre suas bem-sucedidas carreiras musicais. É assim que Wanda Sá e Roberto Menescal começam o show on-line de encerramento da temporada 2021 do Projeto Música no Câmpus, da Universidade Federal de Goiás (UFG). 

A primeira canção executada é "Vagamente", uma composição de Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal para o primeiro álbum de Wanda, o Wanda Vagamente, lançado em 1964. Ainda hoje um dos maiores sucessos da carreira da artista no Brasil e no exterior, incluindo no Japão, que abraçou esse gênero musical algumas décadas atrás e continua fazendo sucesso.

Na sequência eles cantaram "O barquinho", uma das composições mais famosas de Roberto Menescal, também em parceria com Bôscoli. O verso "o barquinho vai, a tardinha cai" surgiu durante um passeio frustrado de barco, que terminou sendo rebocado no final da tarde, por outra embarcação.

A música ganhou corpo no apartamento da cantora Nara Leão, conhecido reduto dos artistas da Bossa Nova, e foi baseada em uma brincadeira que Menescal fazia com uma manivela do tal barquinho. 

Histórias

Cada uma das 14 faixas do show foi recheada com histórias dos bastidores da boêmia carioca do final dos anos 1950, início dos 1960. Cenário onde fervilhava toda uma geração de cantores, cantoras e compositores da bossa nova.

Em uma dessas histórias, João Gilberto, que já era um ídolo da turma nessa época, foi lembrado com "Hobalala". Menescal comentou que o conheceu pessoalmente no dia de uma festa de aniversário de casamento dos seus pais, na qual João Gilberto chegou sem ter sido convidado e sem saber que havia festa, já perguntando se havia um violão no apartamento. 

Nem mesmo a leveza da bossa nova deixou de sentir o peso da chegada da ditadura militar. No dia de gravar "Inútil paisagem", de Tom Jobim, para o disco Wanda Vagamente, Wanda, Menescal, o contrabaixista Sérgio Barroso e um técnico ficaram horas no estúdio esperando pela orquestra que gravaria um arranjo junto com eles, mas não apareceu. Depois, ficaram sabendo que isso aconteceu devido à deflagração do golpe militar de 1964, que mudou não só o destino desta orquestra, mas também os rumos do País pelos 21 anos seguintes. 

Repertório

A escolha do repertório da noite foi de músicas ligadas ao movimento da bossa nova. Eles selecionaram grandes medalhões da bossa nova e da música brasileira para mostrar à plateia do Música no Câmpus. Além de "Vagamente" (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli), "O barquinho" (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli) e "Hô-ba-la-lá" (João Gilberto), eles cantaram "Inútil paisagem" (Aloysio De Oliveira / Tom Jobim), "Fotografia" (Ray Gilbert / Tom Jobim), "Corcovado" (Tom Jobim), "Rio" (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli), "Ah! Se eu pudesse" (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli), "Telefone" (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli), "Lobo bobo" (Carlos Lyra / Ronaldo Bôscoli), "Samba de verão" (Marcos Valle / Paulo Sergio Valle), "Minha saudade (João Donato / João Gilberto)/Bim bom (João Gilberto)" e "Manhã de carnaval" (Antônio Maria / Luiz Bonfá). O show foi encerrado com "Cá entre nós" com melodia de Roberto Menescal e letra de Wanda Sá.

Em entrevista para a pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura da UFG, Flávia Cruvinel, Roberto Menescal comentou que a universidade é muito importante para o artista que está no início da carreira, principalmente. "Ele [o artista] não tem um público formado ainda e se vai a uma universidade, faz uma apresentação, aos poucos passa a ser conhecido. Isso aconteceu com a gente, quando fizemos o que chamamos de primeiro show de bossa nova. Não tinha como saber, mas estava lotado", recorda-se.

Música no Câmpus

O Projeto Música no Câmpus tem o apoio cultural da Unimed Goiânia. De acordo com a pró-reitora Adjunta de Extensão e Cultura da UFG, Flavia Maria Cruvinel, o Projeto tem o objetivo de trazer, para a cidade de Goiânia e para o estado de Goiás, nomes que representem tem como objetivo valorizar e difundir a música brasileira em sua diversidade, trazendo nomes de reconhecida excelência no meio musical, promovendo a aproximação entre universidade e sociedade.

Em 2020 os shows foram interrompidos devido à crise sanitária mundial provocada pela covid-19. Nesta última década, de 2009-2019, o Projeto realizou 40 shows, levando ao Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, aproximadamente 130 mil pessoas, com média de 3.250 pessoas por show. 

Passaram pelo Projeto, nomes como Hamilton de Holanda Quinteto, Mônica Salmaso e Pau Brasil, Lenine, Antônio Nóbrega, Zeca Baleiro, Teresa Cristina, Leila Pinheiro, Nelson Faria e Banda Pequi, Gilberto Gil e Macaco Bong, Tom Zé, Umbando, Juraíldes da Cruz, Xangai, Tetê Espíndola e Alzira Espíndola, Céu, Ná Ozzetti, Criolo, Chico César, Moraes Moreira e David Moraes, Rosa Passos, Gal Costa, Geraldo Azevedo, Milton Nascimento, Pedro Baby com Serginho Gomes, Dadi e Pepeu Gomes, Filipe Catto, Marcelo Jeneci, Maria Rita, Toquinho, Elba Ramalho, Cordel do Fogo Encantado, Baiana System, Vanessa da Mata, Paulinho da Viola, dentre outros.

Para assistir ao show de Wanda Sá e Roberto Menescal no Música no Câmpus, clique aqui.

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Fonte: Secom UFG

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