Mayara

Mayara, presente!

Em 18/08/17 08:40.

Ato promovido na Escola de Música e Artes Cênicas teve como fundamento homenagem à musicista e protesto contra o feminicídio

Texto: Luciana Gomides

Fotos: Adriana Silva

“Nenhuma a menos!”. Esse foi o grito que acompanhou o cortejo em memória da musicista Mayara Amaral realizado na tarde desta quarta-feira (16/8), a partir do pátio da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG (Emac). Acompanhada pelo grupo Coró Mulher, a marcha fez parte do ato organizado por mulheres ativistas, professoras e funcionários da Emac para, além de prestar a homenagem póstuma à violinista, protestar contra o feminicídio e sua tipificação. Mayara foi brutalmente assassinada em Campo Grande (MS), no início de julho, por três homens, em um crime que acabou  ajuizado como latrocínio.

Coro Mulher

Grupo Coró Mulher entoou o canto da Marcha por Mayara

Ao som de batucadas poderosas e gritos de palavras de ordem, a caminhada foi até a lanchonete do DCE, no Câmpus Samambaia, antes de retornar ao seu ponto de partida, sendo finalizada com uma grande ciranda na qual foram levantadas as tristes estatísticas do feminicídio no Brasil. Após uma salva de palmas para Mayara e todas as vítimas da violência machista, os participantes seguiram para um sarau de músicas e leituras. Durante o evento, também foram realizadas oficinas de meditação e confecção de cartazes, além da construção de uma réplica do instrumento tocado pela artista, um violão, ornado com flores.

Oficina Mayara I

Oficina de confecção de cartazes integrou o Ato por Mayara

O ato levantou questões acerca do tratamento dado ao caso, tanto pelos veículos de comunicação (ao omitir evidências de estupro e violência de gênero, além de desumanizar a vítima e formar juízo de valores) quanto pelo indiciamento do principal culpado por latrocínio agravado, sob a justificativa da aplicação das penas mais pesadas do Código Penal, suprimindo a necessidade de considerar o crime como feminicídio. Ademais, no início desta semana, dois suspeitos foram liberados pelo juiz responsável, um inocentado enquanto o outro foi acusado de receptação do veículo da violonista. O que mais revoltou família, amigos e pessoas que acompanham o caso foi a vitimização dos envolvidos no assassinato de Mayara, enquanto a real vítima teve sua imagem maculada por comentários tendenciosos.

Feminicídio

O crime cometido com requintes de crueldade contra mulheres por motivações de gênero é, desde 2015, classificado como hediondo, com a promulgação da lei nº13. 104/2015, a Lei do Feminicídio.  Na legislação, a violência doméstica e familiar, além do menosprezo e discriminação à condição de mulher são descritos como elementos de violência de gênero e integram o crime de feminicídio. No Brasil, a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres - a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Goiás é o segundo Estado brasileiro que mais teve homicídios de mulheres em 2014.

O ato realizado nesta quarta-feira teve a infeliz representação de Mayara na luta contra a violência de gênero, praticada por homens, mídia e autoridades. Simbolizou a luta por todas as mulheres vítimas de agressões, preconceito, mutilações e mortes. Foi uma tentativa de viver o refrão cantado pelo grupo que acompanhou a marcha: "Se o mal tiver aqui, o mal vai ter que ir embora. Se o peixe tiver que nadar, nada vai poder parar".

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Última Hora Emac Mayara Amaral Feminicídio