Semic 2016

A resistência reside na esperança, afirma professora da UFRGS

Em 06/12/16 18:09.

Maria Helena Weber abriu os Seminários de Mídia e Cidadania e de Mídia e Cultura da FIC, que esse ano discute Mídia, Corrupção e Poder

Texto: Luiz Felipe Fernandes

Fotos: Ana Fortunato

Mesmo diante de um cenário político que contribui para o clima de pessimismo no país, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maria Helena Weber, acredita que é impossível dizer que não há esperança. "É um momento extremamente tenso, em que estamos mais ou menos em suspensão. Mas é exatamente na esperança que reside nossa resistência", afirmou a pesquisadora nesta terça-feira (6/12), na abertura dos Seminários de Mídia e Cidadania e de Mídia e Cultura (Semic), da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (FIC/UFG), que esse ano discute o tema Mídia, Corrupção e Poder.

Abordando sua experiência pessoal com a repressão militar no período ditatorial brasileiro e sua pesquisa atual sobre o paradoxo da visibilidade, a conferência de Maria Helena Weber foi um convite à reflexão sobre a participação e o papel da mídia na sucessão de fatos que se desenrolam na esfera governamental, incluindo o processo de impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff. Traçando um paralelo com a ditadura, a professora afirmou ter havido uma "sofisticação no modo como as instituições se movimentam e se justificam legalmente".

"Há uma estrutura empresarial de mídia que estrutura aquilo que é real", explicou Maria Helena Weber, acrescentando que, neste aspecto, a imprensa atua tanto como mediadora quanto como protagonista. Como contraponto, ela ressaltou a importância da comunicação pública, considerada um "indicador de qualidade da democracia". Como coordenadora do projeto Observatório de Comunicação Pública, a professora lamentou o desmonte das entidades voltadas a essa área. "Parece que tudo o que é público precisa ser privatizado, inclusive nosso pensamento".

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Professora Maria Helena Weber, da UFRGS, demonstrou preocupação com alinhamento de ideias da mídia comercial

Visibilidade
Na segunda parte de sua conferência, intitulada Visibilidades, Comunicação e Corrupções, Maria Helena Weber abordou a centralidade da comunicação nos dias atuais, em que "todos que desejam ser vistos, apoiados, precisam construir um modo de fazer comunicação". Falando da imprensa comercial, a professora considerou haver um alinhamento de conceitos e ideias que privilegiam o privado em detrimento do público, em um movimento que, segundo ela, é sutil e, por isso mesmo, preocupante.

Sobre as ocupações protagonizadas por estudantes em diversas universidades brasileiras, Maria Helena Weber destacou a forma de organização horizontal dos manifestantes, em que não há hierarquia. Para a professora, manifestações desse tipo são uma nova forma de fazer política, até mesmo para a esquerda. "Essa horizontalidade é desorientadora para a burocracia política", reforçou. Ela acredita que essa quebra de padrões abre a perspectiva de um novo futuro.

Semic
A programação do X Seminário de Mídia e Cidadania e do VIII Seminário de Mídia e Cultura continua até quinta-feira (8/12), com mesas-redondas, grupos de trabalhos e oficinas. O evento é realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da FIC. Mais informações podem ser obtidas no site do Semic.

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Organizador do Semic, professor Claudomilson Fernandes Braga ressaltou a importância do tema desta edição do evento

Fonte: Ascom UFG

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