Violência contra mulheres

Violência contra a mulher em ambientes institucionais e obstétricos é tema de debate

Em 30/07/15 16:58.

Mesa-redonda teve a presença de professoras e ativista debatendo o assunto durante Abrascão

Texto: Lorena Sousa
Fotos: Adriana Silva

Questões de gênero e saúde foram discutidas no quarto dia de atividades (30/7) do 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão). Com o tema Vagina-Escola: Violência contra a mulher no ensino das Profissões de Saúde e sob a coordenação de Estela Aquino, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as expositoras Raquel Marques, da ONG Artemis, Ana Flavia D‘Oliveira da Universidade de São Paulo (USP) e Simone Diniz, também da USP, debateram questões sobre a violência institucional e obstétrica contra a mulher.

Médica e professora da USP, Ana Flavia D‘Oliveira falou sobre sua experiência com o tema dentro da instituição, especialmente no que diz respeito aos recentes casos de violência sexual contra alunas do curso de medicina. A palestrante explicou como se deram as primeiras denúncias de estupro, quais foram as respostas recebidas pelas vítimas e qual tem sido o papel dos coletivos formados pelas alunas. Ela também apontou os mecanismos que silenciam o tema dentro da Universidade, como o receio de prejudicar a reputação da instituição.

Ana Flavia D‘Oliveira expôs relatos de alunas que sofreram violência sexual por parte de algum membro da comunidade acadêmica e comentou sobre as dificuldades sofridas pelas vítimas, como a ausência de acolhimento, falta de canais de denúncia e os obstáculos impostos por um regimento obsoleto. “É responsabilidade dos professores mudar essa cultura institucional”, afirmou.

Violência contra mulheres

Ana Flavia D‘Oliveira relatou realidade vivenciada por estudantes da USP

Para a professora, é preciso incluir a discussão de gênero nos currículos dos profissionais de saúde, mas, primeiramente, à violência que existe dentro do próprio aparelho formador. Segundo a palestrante, a Universidade tem buscado responder às questões de violência contra a mulher com a criação do Centro de Direitos Humanos e do escritório USP Mulheres, mas ainda há muito a se fazer.

Violência obstétrica

Representante da ONG Artemis, Raquel Marques abordou a violência obstétrica, em particular dentro dos hospitais universitários. Segunda ela, esse tipo de violência é marcado por “procedimentos feitos desnecessariamente, de maneira dolorosa ou de maneira humilhante em mulheres durante a atenção ao parto”. Sobre o papel da ONG Artemis, ela explicou que denúncias contra esses procedimentos têm sido realizadas, mas o trabalho enfrenta bastante resistência, pois o comportamento que retira a autonomia das pacientes sobre o próprio corpo é naturalizado. “É preciso levar essa discussão adiante, por mais incômoda que seja”, finalizou.

Violência contra mulheres

Segundo Raquel Marques, assunto é incômodo, mas não pode ser naturalizado

 

Simone Diniz continuou debatendo o tema da violência obstétrica, explorando as violações de direitos que ocorrem durante a assistência ao parto. Foram expostos dois casos denunciados ao Ministério Público, envolvendo pacientes que foram obrigadas a realizar procedimentos sem necessidade, consentimento ou explicação adequada. Ao fim, a plateia, predominantemente composta por mulheres, pôde tirar dúvidas sobre os temas.

Violência contra mulheres

Simone Diniz apresentou casos reais de violência obstétrica

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Última hora violência obstétrica Saúde Abrascão