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Grupo Máskara encerra 2012 com montagem de texto de Samuel Beckett

Em 10/12/12 09:16.
'Quê Onde' será apresentada nos dias 6 e 7 de dezembro, no Teatro Goiânia Ouro

O Máskara - Núcleo Transdisciplinar de Pesquisas em Teatro, Dança e Performance – está completando 10 anos de atividades em 2012. Para comemorar, o grupo está realizando a montragem do espetáculo Quê Onde, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Este espetáculo estreou em 2010 no “V Festival Beckett de Buenos Aires”, interpretada pelos atores em espanhol. Agora, após uma pequena temporada no Teatro Goiânia (em outubro), o espetáculo será encenado no palco do Teatro Goiânia Ouro nos dia 6 e 7 de dezembro (quinta e sexta), às 20h.

 

Quê Onde conta com o apoio da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) da UFG.


A peça

 

Quê Onde, Que Donde ou What, Quoi où, é um texto onde uma voz afirma ao final: “Faça Sentido Quem Possa”. Último texto de Beckett escrito para o palco (1983), com quatro ou cinco personagens (Bam, Bom, Bim, Bem e a Voz) que entram e saem de cena num desenho circular. Este texto abre leituras múltiplas, pode ser um vaudeville, uma comédia ou um drama brechtiano. Sua dramaturgia é composta de perguntas e poucas respostas, solicita um espectador criativo, não aquele cego às entrelinhas ou ao ritmo da cena. Beckett não se repete porque a vida não se repete. Talvez haja uma história, ou não.


Segundo Gontarsky, que nos estimula à montagem deste autor, o que sobra depois de Quê Onde é a consciência incorporada do NADA. Este texto é um diálogo de vozes e imagens. Sem coerência, rico em imagens, cacos, fragmentos, vislumbres de uma narrativa contínua incompleta. Um jogo de dados que possibilita múltiplas leituras. Personagens surgem e desaparecem. Arte para ser olhada, ouvida, para não ser entendida. Assim é Quê Onde, utilizando palavras do próprio Beckett (leia e respire vagarosamente):


Não é a minha vida, por que não, ele é um, se quiser, se for preciso, eu não digo não, esta noite. Tem de haver uma, ao que parece, uma vez que há discurso, não há necessidade de uma história, uma história não é obrigatória, apenas uma vida, esse é o erro que cometi, um dos erros, para que queria uma história para mim, enquanto vida por si só é suficiente.”


Ficha Técnica

 

Direção: Robson Corrêa de Camargo
Elenco: Ana Paula Teixeira
Nataly Brum
Ronei Vieira
Takaiúna Correia
Mariana Tagliari
Preparação Corporal: Kleber Damaso
Música: Elsa Justel (compositora argentino-francesa de música eletro acústica).
Música composta especialmente para esta montagem.
Produção: Ronei Vieira
Figurino e iluminação: Robson Corrêa de Camargo
Preparação ao texto espanhol, tradução e adaptação: Poliane V. Nogueira Valadão
Robson Corrêa de Camargo
Análise de Texto: Poliane Vieira Nogueira Valadão SAMUEL BECKETT

Samuel Beckett

 

Prêmio Nobel de 1969, Samuel Beckett é um contista e dramaturgo extraordinário. Nasceu em Foxrock, ao sul de Dublin, na Irlanda, em uma sexta-feira santa, 13 de Abril de 1906. É um dos maiores e mais inquietantes escritores da literatura mundial e um dos mestres de um teatro que não escolheu o seu nome, o Teatro do Absurdo. Sua obra mais conhecida é Esperando Godot (1953), encenada pelo Máskara em 2005 e 2006, onde podemos encontrar características marcantes da sua complexa e variada obra dramática.

Em nossa participação no Seminário Back to the Beckett Text, na cidade de Sopot/Polônia, em maio de 2010, uma jornalista da TV local nos perguntou porque Beckett no Brasil. A resposta: O Brasil foi o primeiro país a representar Beckett fora da França, em 1955, graças ao pioneirismo de Alfredo Mesquita. Além disso, Beckett estabelece um diálogo pleno com as margens textuais de Guimarães Rosa, o discurso interrompido de Bernardo Élis e o rio profundo de Cora Coralina, se afogando no pantanal de Manoel de Barros e na negatividade do argentino Jorge Luís Borges. O texto de Beckett é hoje parte do imaginário brasileiro e anda para frente sobre os pés de um curupira.

 

Fonte: Grupo Máskara

Categorias: Teatro