ciência ou tecnologia

Palestra questiona o que tem mais valor: ciência ou tecnologia?

Em 06/06/19 17:51.

Jesiel Freitas Carvalho, pró-reitor de pesquisa e inovação da UFG, abordou o tema em evento na Faculdade de Ciências e Tecnologia 

Texto: Beatriz de Oliveira

Fotos: Beatriz Carvalho

O que tem mais valor: ciência ou tecnologia? Essa foi a indagação central da palestra proferida por Jesiel Freitas Carvalho, Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação e professor titular do Instituto de Física (IF) da UFG no dia 21 de maio. A atividade faz parte do Programa Diálogos em Pesquisa e Inovação de 2019, e foi a primeira realizada no Câmpus Aparecida de Goiânia, na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT).

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O professor construiu sua explanação a partir da diferenciação de três eixos: ciência básica, ciência aplicada e tecnologia. Ele começou sua narrativa com anedotas de físicos que entraram para a história devido a descobertas que fizeram, na tentativa de conectar a pesquisa básica às suas implicações tecnológicas e sociais, que não foram esperadas no momento da pesquisa. Ele contou a estória da descoberta da indução eletromagnética, por Michael Faraday, para ilustrar que não é possível prever a possível aplicação de descobertas científicas.

O professor narrou também as experiências de Maxwell e Einstein, que subverteram o campo da física no século XIX, que tinha a mecânica newtoniana como o motor da tecnologia da época, pois acreditava-se que ela representava perfeitamente a natureza, tanto no âmbito das dimensões do planeta quanto no cosmos. Sobre a teoria da relatividade restrita, Jesiel explicou que ela foi estabelecida sem evidência experimental alguma, pois não era possível verificar a contração do tempo ou a alteração na massa relativística de uma partícula. Isso causou a mobilização de vários físicos em torno de um problema teórico fundamental: a necessidade das leis da física terem consistência. Ela desencadeou, portanto, pesquisas puramente básicas que tinham como objetivo tentar esclarecer ou representar o funcionamento da natureza, mas sem aspirações de ser uma ciência aplicada. Hoje, entretanto, não podemos viver sem a relatividade restrita, e o GPS é uma amostra de sua aplicabilidade no nosso cotidiano.

Esses três exemplos foram dados para mostrar como a vida humana e a tecnologia podem ser mudadas por pesquisas sem pretensões de aplicações tecnológicas. A pesquisa básica é absolutamente essencial, e a recíproca também é verdadeira: há muitas modificações fundamentais na ciência que resultaram de um esforço de pesquisa aplicada. Diante dos argumentos expostos, o professor defendeu que não faz sentido a tentativa de distinguir ciência básica e aplicada, pois há somente a boa ciência e suas aplicações.

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Fonte: Secom / UFG

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