Zika

Microcefalia e Zika Vírus são discutidos por especialistas

En 18/12/15 11:42 .

Debate recebeu convidadas de Pernambuco, que relataram como o estado está lidando com os casos

Texto: Angélica Queiroz

Fotos: Carlos Siqueira

Em parceria com as Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, a Universidade Federal de Goiás (UFG) recebeu, na tarde desta quinta-feira (17/12), duas especialistas de Pernambuco, estado que mais registrou casos de microcefalia em 2015, para discutir a possível relação da doença com o Zika Vírus. Além disto, foram apresentados procedimentos para identificação, notificação, diagnóstico e acompanhamento clínico dos casos. Na última quarta-feira (16/12) foi confirmado o primeiro caso de Zika vírus em Goiás: uma mulher, que está grávida, e será acompanhada pela secretaria de Saúde do Estado durante toda a gestação.

A professora do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, Celina Maria Turchi Martelli e a neurologista Ana Maria Campos Van Der Linden, do Instituto de Medicina Integrado Professor Fernando Figueira de Pernambuco, fizeram um relato sobre os casos diagnosticados em Pernambuco e apresentaram a maneira como os profissionais de saúde e autoridades estão lidando com a situação. “Um mundo que não conhece essa síndrome está tentando construir esse conhecimento no dia-a-dia, no meio de uma epidemia”, afirmou Celina Turchi.

Seminário Zika

Celina Turchi falou sobre construção de protocolo em Pernambuco e afirmou que ainda há muitas perguntas sobre a doença

A professora apresentou um histórico sobre a microcefalia no Brasil, desde o aumento do número de casos, no início de 2015, até as evidências de sua relação com o Zika Vírus. A especialista descreveu a tentativa de que a doença seja combatida da melhor forma possível e os esforços da Secretaria Estadual de Pernambuco, que lançou o primeiro Protocolo Clínico e Epidemiológico da Microcefalia, com orientações para os profissionais da área da saúde. Celina Turchi ressaltou que o documento está em fase de construção porque ainda não existem muitas informações sobre o vírus e a doença. “Há ainda muitas perguntas e muita necessidade de participação da comunidade científica”, destacou.

Ana Maria Van Der Linden explicou que é a microcefalia - condição neurológica em que a cabeça do recém-nascido é menor e pode resultar em sequelas no desenvolvimento motor, cognitivo, de fala e até quadros de convulsão. “A microcefalia, normalmente, não leva a óbito, as complicações decorrentes dela é que levam”, esclareceu a neurologista.

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Ana Maria Van Der Linden mostrou, em exames de tomografia, como são os cérebros de bebês com microcefalia

Parceria entre UFG e secretarias estadual e municipal de saúde

Diversas autoridades e profissionais de saúde do estado estiveram presentes no debate e ressaltaram a importância de Universidade e órgãos de saúde trabalharem juntos nesse momento. Secretário Estadual de Saúde, Leonardo Vilela, afirmou que o Zika Vírus tem sido a preocupação prioritária da Secretaria e falou sobre as estratégias de combate ao mosquito e de acompanhamento dos casos. “É uma situação nova e ainda não há informações suficientes na literatura médica mundial. Por isso é mais que necessária essa parceria com a comunidade científica para que o assunto seja estudado para embasar e auxiliar a criação de políticas públicas”, pontuou.

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Leonardo Vilela falou sobre estratégias do estado para combater o vetor do Zika e acompanhar casos

A Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde Fluvia Amorim, destacou que é preciso divulgar informações corretas para não gerar pânico na população, apesar de esse ser um momento de alerta. “Precisamos evitar uma epidemia no estado e a parceria com a academia é fundamental para que possamos encontrar respostas para as muitas dúvidas que todos nós ainda temos”, afirmou.

Fluvia Amorim falou sobre as medidas de controle adotadas em Goiânia, entre elas o controle do vetor, grande desafio, segundo a especialista. “Desde 1994, por conta da dengue, temos campanhas massivas de conscientização sobre o combate ao Aedes aegypti. Não há falta de informação, o que a gente tem é falta de ação por parte da população”, lamentou. Fluvia Amorim afirmou esperar que uma situação grave como esta auxilie uma mudança de comportamento da sociedade, destacando nova lei que passa a multar, a partir da próxima semana, quem tiver criadouro em casa.

Professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, Ionizete Garcia da Silva, que estuda o Aedes aegypti, enriqueceu a discussão fornecendo detalhes sobre os hábitos e comportamentos do vetor do Zika para ajudar a pensar estratégias para seu controle. Ionizete Garcia ressaltou a necessidade da adoção de medidas permanentes de combate ao mosquito e lembrou que os repelentes nem sempre são eficazes para manter as pessoas protegidas.

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Ionizete Garcia tem vários estudos sobre o Aedes aegypti e falou sobre os hábitos do mosquito

Vice-reitor da UFG, Manoel Chaves, que na ocasião representou o Reitor, Orlando Amaral, lembrou que a UFG tem corresponsabilidade com questões sociais como essa e destacou que o seminário foi pensado para articular uma agenda de ações com a participação da Universidade e ampliar a discussão sobre o que já se sabe e o muito que ainda falta conhecer sobre o assunto. “Queremos somar forças e contribuir com a sociedade nesse momento complexo”, afirmou.

Fuente: Ascom UFG

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