Como orientar crianças e adolescentes na Internet

Como orientar crianças e adolescentes na Internet

Em 27/04/17 11:32.

Debate discutiu desafios dos pais e educadores diante da apropriação da tecnologia por parte desse público

Texto: Kharen Stecca

Fotos: Ana Fortunato

Nas últimas semanas surgiram novos fenômenos de internet que assustaram pais e educadores, como o jogo da Baleia Azul, que envolve desafios que podem levar o participante ao suicídio. E mesmo não sendo uma preocupação nova, acendeu mais um alerta para pais e educadores no sentido de saber lidar com o uso da internet por parte de crianças e adolescentes. Para discutir o assunto, o Laboratório de Educação, Tecnologias e Inclusão (Labin) da Faculdade de Educação (FE/UFG), realizou no dia 26 de abril um debate com o tema “Adolescentes e crianças na Internet: caminhos e descaminhos”. Participaram três professores de áreas diferentes e complementares na discussão do tema: a professora da FE, Cleide Rodrigues, do curso de Pedagogia, que trabalha o tema da cultura digital nos processos educacionais; a professora Susie Roure, do curso de Psicologia e o professor da Faculdade de Informação e Comunicação, Daniel Christino, que trabalha com jogos eletrônicos.

Como orientar crianças e adolescentes na Internet

Especialistas falaram sobre como lidar com os novos fenômenos de internet 

Cleide Rodrigues começou o debate trazendo um panorama da apropriação da tecnologia pelas crianças de acordo com pesquisas realizadas na UFG e também por pesquisadores de todo o mundo. “A tecnologia é usada pelas crianças para o entretenimento, comunicação e informação de seu interesse”, afirmou. Ela também explica que a tecnologia é muito mais utilizada fora da escola do que nela e que, por isso mesmo, é importante estudar como as crianças estão se apropriando delas nesse contexto. Ela também ressaltou que os pais têm pouco ou nenhum controle sobre o conteúdo acessado por crianças e adolescentes, o que é preocupante pois as crianças demonstram, de acordo com as pesquisas, ter vaga consciência dos perigos da internet. “Precisamos ultrapassar o fascínio pela tecnologia e usá-la de forma consciente”, explicou.

Daniel Christino tem uma visão mais positiva sobre a questão. Para ele, as críticas à tecnologia existem desde a criação da imprensa. “Precisamos entender que não vamos barrar a tecnologia, assim como não barramos o livro. Cada tecnologia muda a forma como vocês se relaciona e consome a cultura”, afirmou. Ele ressalta que, assim como o livro, modificou a forma de acesso aos conteúdos da oralidade social para o isolamento, a internet muda a forma de apropriação do conhecimento da leitura em profundidade para a leitura em blocos. “A leitura construiu a subjetividade moderna, por isso lutamos para que nossas crianças não percam essa capacidade, ao mesmo tempo em que se apropriam da nova lógica tecnológica”, afirma. Como resposta a pergunta do debate - o que fazer com relação a nossa ansiedade com relação às crianças e adolescentes na internet - ele afirma que precisamos estudar, adquirir conhecimento, pois só assim seremos menos “usados” pela tecnologia.

A professora e psicóloga, Susie Roure explica que a cultura se articula de acordo com as novas formas de subjetividade. “A tecnologia nos modifica. Os pais e educadores se assustam com a velocidade das mudanças e as pesquisas não conseguem acompanhar o ritmo delas”, afirma. O papel do educador também mudou: “O educador não é mais aquele que mostra o caminho, com a tecnologia essa lógica se inverte”. Ela destacou a importância de que os pais coloquem muito cedo limites aos filhos. “Limites não são negociáveis na infância, apenas na adolescência, mas se não forem colocados na primeira infância, dificilmente serão absorvidos na adolescência”. Ela explica que a autoridade vem sendo questionada, pois em um mundo onde o novo deve suplantar o passado, o jovem precisa ser livre e autônomo. No entanto, ela afirma que para criar jovens com esse perfil é preciso normas e limites na infância: “A liberdade é um direito humano, mas no ponto de vista do sujeito, ela precisa ser conquistada”.

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Pais e educadores participaram do debate

Fonte: Ascom UFG

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