Lobeira

Pesquisa comprova potencialidades da Lobeira para uso industrial

Em 05/04/16 08:19.

Lobeira é matéria-prima para produção de etanol, medicamentos e alimentos

 

Texto: Monithelle Cardoso

Fotos: Carlos Siqueira

 

Com alta produtividade, a lobeira é uma planta resistente e que possui grande potencial para a indústria alimentícia, farmacêutica e para a produção de etanol. Considerada praga por agricultores, o fruto está sendo estudado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desde 2010.

O nome da planta  é uma referência ao loboguará, que se alimenta do fruto. Na tradição rural, a lobeira é usada para fazer chás e xaropes caseiros para auxiliar no tratamento de asma e resfriado, mas passou a ser negligenciada ao se tornar um problema na hora de transformar áreas nativas em pasto ou plantação, principalmente por ter raízes muito profundas e sobreviver ao período de seca e até a queimadas.

Entre as descobertas, foi verificado que o amido retirado da lobeira possui características diferentes dos comerciais. Por meio de processos químicos e enzimáticos ele produz a glicose que pode ser utilizada como adoçante em produtos da indústria alimentícia. Este amido também pode ser usado na fabricação de empanados, pois o amido de lobeira tem propriedades ditas filmogênicas, que permitem fazer o revestimento deste produto conferindo as características de crocância mesmo depois de congelado.

Outro ponto de destaque é que, com alto rendimento de glicose, a lobeira pode ser uma alternativa renovável de produção de combustível. “O amido de lobeira usando um micro-organismo específico para fazer a fermentação faz etanol a 10% de rendimento”, que é um nível alto, informou a coordenadora da pesquisa, professora Kátia Fernandes. O etanol produzido pode ser utilizado na fabricação de combustível, licor, cachaça entre outros produtos da indústria de bebidas.

A pectina, que é um açúcar utilizado para a produção de geleias e doces, extraída da planta possui alto rendimento e poderia ser usado no Centro-Oeste como alternativa para produção da pectina para indústria de alimentos. "As fontes desse polissacarídeo são, normalmente, bagaço de maçã e de laranja. Na lobeira, encontramos uma grande quantidade de pectina, então ela poderia ser usada no Centro-Oeste como alternativa para a produção desse composto”, explica a professora Kátia Fernandes. 

Os pesquisadores adotaram metodologias mais simples para a extração e produção dos compostos alimentícios com vistas em elaborar um manual voltado aos agricultores para que tenham condições de fazer produtos que contenham a lobeira. Na próxima etapa da pesquisa, as fibras do fruto serão testadas como aditivo para a produção de bolos e pães.

 

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Pesquisa identificou que amido retirado da lobeira possui características diferentes dos comerciais

Isopor

A fibra extraída do fruto também pode ser utilizada em aplicações além da indústria alimentícia. Por ser um resíduo biodegradável, a fibra está sendo testada na composição do isopor em colaboração com a professora Suzana Mali da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Os primeiros resultados mostram que a bandeja é resistente. Agora, os pesquisadores testam o quanto a inclusão dessa fibra pode reduzir o tempo de degradação do isopor.

Uso em medicamentos

A pesquisadora Elizabeth Mendes testou o extrato da polpa de lobeira em ratos diabéticos e identificou que o composto possui ação anti-inflamatória. Os ratos tratados com a lobeira não desenvolveram problemas renais, ao contrário dos ratos que não foram tratados com o extrato. “Os níveis de glicemia dos ratos diabéticos tratados com lobeira não chegaram a ficar normais, mas eram menores do que os não tratados” acrescentou a professora Kátia Fernandes.

Na Faculdade de Farmácia, o professor Ricardo Marreto estuda drogas usadas para o tratamento de doenças intestinais crônicas. A pectina extraída da lobeira foi utilizada na formulação de medicamentos. De acordo com os resultados obtidos ate o momento, quando o paciente ingere um comprimido que possui pectina em sua formulação, a substância dá aderência e aumenta o tempo de ação do medicamento. Comparado com a pectina da casca de laranja, o composto retirado da lobeira teve ação superior.

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Fonte: Ascom/UFG

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