Pós-graduação em Direitos Sociais do Campo

Especialização em Direitos Sociais do Campo encerra atividades da primeira turma

Em 10/04/15 10:30.

Curso oferecido em parceria com o Pronera teve a participação de 52 estudantes oriundos de comunidades assentadas

Texto: Serena Veloso

 

O Programa de Pós-Graduação em Direitos Sociais do Campo da UFG, da Regional Cidade de Goiás, realizou na última semana, entre os dias 6 e 10 de abril, o seminário de encerramento das atividades da primeira turma de Especialização em Direitos Sociais do Campo. O curso foi concebido a partir de uma chamada pública do CNPq, no âmbito do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), em parceria com Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e teve a duração de dois anos.

Em contribuição às políticas do Pronera, que visam a formação escolar dos trabalhadores rurais assentados, a inciativa se pauta no fortalecimento da educação do campo na universidade sobre a perspectiva da cultura jurídica crítica plural e do desenvolvimento humano, a partir do diálogo entre pesquisa e extensão. A especialização também visou dar continuidade à formação dos estudantes que concluíram o curso de Direito para Beneficiários da Reforma Agrária da UFG, além de propor uma articulação entre movimentos sociais e universidade, em defesa dos direitos do campo. “Tanto na graduação como na pós-graduação a gente percebe um processo de oxigenação das ideias na prática da universidade na dimensão pedagógica, que envolve a articulação da realidade do campo com o saber científico”, ressaltou a coordenadora do programa de pós-graduação, Érika Macedo.

O projeto envolveu 52 estudantes e 30 professores vinculados à UFG e outras cinco universidades – Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Universidades Federais Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro (UFRJ), da Paraíba (UFPB) e de Juiz de Fora (UFJF). As diretrizes do curso foram baseadas na pedagogia da alternância, com a divisão das atividades em momentos de aprendizado na academia e vivências nas comunidades de origem dos estudantes, estruturadas a partir de Núcleos de Extensão e Pesquisa. Ao longo do curso também foram desenvolvidas atividades diversas com a intenção de estabelecer um diálogo com a realidade agrária do município, tais como oficinas, rodas de conversas, debates, visitas técnicas, produção de cartilhas, além da realização da Jornada Universitária de Apoio a Reforma Agrária Popular.

Vivências em assentamentos

Durante o período nas comunidades, os estudantes tiveram a oportunidade de colocar em prática as reflexões feitas em sala de aula e propor intervenções com a realização do Estágio Interdisciplinar de Residência Agrária. As atividades foram realizadas em 11 assentamentos nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais Maranhão, Rondônia e Bahia. Para Maria Inês Pereira Pinheiro, estudante da especialização, a experiência foi de grande importância para dar continuidade ao trabalho de formação política do Movimento Sem Terra, ação que já realizava na comunidade de Conceição da Rosa, em Itapecuru, no Maranhão.

Com o apoio do Coletivo Juventude, do próprio assentamento, e da Universidade Federal do Maranhão, Maria Inês desenvolveu algumas oficinas com a temática dos direitos sociais com as mulheres da comunidade. “Nesse trabalho, fizemos uma conjuntura da questão agrária com a inserção das mulheres na luta pela terra, pensando como elas têm se organizado para acessar as políticas públicas”, destacou a estudante.

Diálogo entre graduação e especialização

Além dos estudantes da especialização, 12 alunos da graduação em Direito da Regional Cidade de Goiás também puderam atuar em comunidades assentadas como parte da formação profissional na área jurídica. Emília Joana Viana de Oliveira, estudante do 9º período de Direito, pôde observar de perto, durante o Estágio Interdisciplinar de Residência Agrária, a realidade de mulheres da comunidade quilombola do Rio dos Macacos, na Bahia, que lutam pelo reconhecimento de suas terras, ocupadas por uma base naval da Marinha brasileira.“Essa comunidade sofre com várias violações de direitos humanos no que tange a saúde, a educação, o acesso à água e até a liberdade de ir e vir”, conta a estudante que não só relatou a experiência no seminário de encerramento da especialização, como irá inseri-la em seu trabalho de conclusão de curso.

Fonte: Ascom UFG

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