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Situação crítica das IFES prejudica estudantes de baixa renda

Em 19/10/22 08:51.

Cortes e bloqueios feitos pelo Governo Federal comprometem atendimento direto a mais de 75 mil pessoas

Texto: Kharen Stecca

Fotos: Carlos Siqueira

Em prol de apresentar o panorama da situação crítica que as instituições de ensino superior públicas do estado de Goiás estão submetidas com os constantes cortes em seus orçamentos, foi realizada na tarde de ontem, 18/10, uma coletiva de imprensa, com representantes das reitorias da UFG, IFGoiás, IFGoiano, UFJ e UFCat, no auditório da Faculdade de Direito da UFG. O objetivo da reunião foi apresentar individualmente as necessidades das instituições para a construção de uma agenda coletiva de defesa do seu pleno funcionamento.

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"Orçamento das IFES em 2022 foi menor que o de 2009", afirmou a reitora da UFG


A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, afirmou que com as mais de 35 mil pessoas que formam a comunidade universitária, a universidade precisaria de um orçamento anual de custeio de 120 milhões. Diante deste cenário ela considerou que é “ingovernável querer que as universidades funcionem bem com tamanhos cortes, bloqueios e desmonte que foram impostos a elas”. Segundo ela, a universidade conta com 342 mil metros quadrados de área construída, que equivalem a 46 campos de futebol. “É impossível ter segurança, limpeza e qualidade com um espaço físico deste tamanho e um orçamento de menos de 5 milhões de reais por mês”, defendeu. Segundo ela, vale lembrar que a área total, que não é construída, são de mais de 7 milhões de metros quadrados, que exigem manutenções que vão desde jardinagem a insumos de laboratórios. "Nós temos hoje auditórios interditados porque não conseguimos manter as condições mínimas para ter autorização do corpo de bombeiros para funcionar. Uma área de 25% do Instituto de Física está fechada porque não conseguimos terminar as obras. Não há dinheiro nem para fiação elétrica”, apresentou. Ela lamentou ainda que a acessibilidade está prejudicada não por falta de esforços da reitoria, mas por conta dos cortes que impedem oferecer as condições mínimas. “Se não intervirmos agora, estão em risco a pesquisa, a ciência e a tecnologia deste país. Porque 90% das pesquisas da indústria e agronegócios vêm das universidade públicas e dos institutos federais”, encerrou sua fala.

O reitor do Instituto Federal Goiano, Elias de Pádua, apresentou que o instituto conta com 156 cursos técnicos da instituição e com seus 18 mil estudantes, está prejudicada para a manutenção básica de suas funções. “Historicamente, temos passado por redução significativa orçamentária ao longo dos anos. Esta situação compromete o nosso exímio papel na formação não só de profissionais mas também de cidadãos. Cada corte feito significa menos atividades de laboratórios, projetos e, principalmente, menos resolução de problemas da sociedade”, afirmou. Segundo ele, é fundamental que o olhar da sociedade esteja atento para essa situação, cobrando dos órgãos competentes, evitando o comprometimento mais profundo das atividades no IF Goiano a partir do mês de novembro.

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Fórum de reitores já se reúne mensalmente, juntamente com a UEG, para defender a educação superior gratuita do estado de Goiás


Lembrando que as IFES do Estado de Goiás já se reúnem periodicamente como um fórum que trabalha para a defesa da educação superior, Oneida Barcelos, reitora do IF Goiás, iniciou sua fala dizendo que os estudantes dos 13 câmpus da instituição são formados por alunos de vários estados brasileiros, fora os inúmeros moradores das cidades onde o IFG está que são alcançados pelos projetos de extensão. “Tivemos um orçamento de 47 milhões, mas pela estimativa, para o nosso pleno funcionamento, e corrigido com os índices de IPCA, deveríamos ter um orçamento anual de mais de 100 milhões”, apresentou. De acordo com ela, a permanência dos alunos fica extremamente prejudicada, especialmente, pelo fato de grande parte deles ficarem período integral nos câmpus. “Hoje temos obras paradas, necessidade de recomposição dos servidores. E o resultado é que deixamos de fazer muitas ações que são essenciais”, finalizou.
Roselma Lucchese, reitora da Universidade Federal de Catalão, afirmou que os princípios básicos das universidades e institutos federais é colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. “Especialmente por sermos instituições do centro-oeste, temos como missão colaborar para o desenvolvimento dessa região, tão ignorada por tantos anos em nosso país”, defendeu. Além disso, ela agradeceu a participação da imprensa que tem dado voz para o desmonte que a educação superior no país tem vivido no último ano. “Desde 2018, quando as UFJ e UFCat foram desmembrados da UFG, a população goiana deveria estar comemorando com a sua criação, contudo, não tivemos nenhum investimento de orçamento ou de custeio para que pudéssemos ter, por exemplo, uma estrutura de gerenciamento acadêmico. Para uma universidade recém criada, essa situação é terrível, nos arrastamos no processo dolorido de consolidação”, afirmou. A reitora afirmou que com esse investimento insignificante, faz com que hoje a UFCat tenha que escolher qual conta irá pagar a cada mês e ainda assim atender as demandas de permanência dos seus estudantes. Sem os 1.2 milhões que foram retirados do seu orçamento, a UFCat encontra problemas também com a manutenção e espaço físico adequado para receber os seus alunos após a pandemia. “Isso não só nos custa muito financeiramente, mas especialmente, muito nos dói”, encerrou sua fala.
Compartilhando dos problemas enfrentados pela UFCat, também criada em 2018, o reitor da UFJ, Américo Nunes, afirmou que, ao contrário do que se imagina, mais da metade dos seus estudantes são oriundos de famílias que possuem renda per capita de menos de 1.5 salários mínimos. “O que vivemos é um círculo vicioso sem fim de bloqueios, desbloqueios, cortes, novos bloqueios, e assim temos passado por uma redução drástica dos custeios que nos custam manter as mais básicas atividades, como a manutenção de telhados. Só a manutenção dos valores já seriam dramáticos, que dirá agora com os cortes”, frisou.

 

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"A UFCat não recebeu as condições mínimas de orçamento para a sua consolidação enquanto universidade desmembrada da UFG", afirmou Roselma Lucchese

 

Fonte: Secom/UFG

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