Bruno Ribeiro PPG Eco-Evol (2)

Pesquisa feita na UFG fica em 1º lugar em concurso internacional

Em 06/10/22 12:26.

Trabalho desenvolvido na pós-graduação em Ecologia e Evolução ganha o Ebbe Nielsen Challenge

Texto: Versanna Carvalho*

Fotos: arquivo pessoal

O estudante egresso da pós-graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Bruno Roberto Ribeiro, ganhou o primeiro lugar do prêmio Ebbe Nielsen Challenge 2022. O concurso anual realizado pela Global Biodiversity Information Facility (GBIF), uma organização internacional, sediada em Copenhague, na Dinamarca, que trabalha com a disponibilização de dados científicos de biodiversidade por meio da internet e webservices. O pesquisador é o primeiro brasileiro a conquistar o primeiro lugar na competição considerada uma das maiores na área de inovações e qualidade de dados abertos de biodiversidade.

Bruno se destacou e conquistou o primeiro lugar com a ferramenta “Biodiversity Data Cleaning” (BDC), desenvolvida com colaboradores e sob orientação do professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução (PPG-EcoEvol) do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rafael Loyola. Dentre os colaboradores do trabalho ainda estão três outros egressos do programa: Karlo Guidoni-Martins, Lucas Jardim e Geiziane Tessarolo. Também fazem parte do grupo Santiago José Elías Velazco (Universidad Nacional de Misiones, Argentina) e Steven Bachman (Royal Botanic Gardens, UK).

De acordo com a página do PPG-EcoEvol, o BDC é um pacote para a plataforma R desenvolvido com intuito de facilitar a avaliação da qualidade e a limpeza dos dados de biodiversidade. As funções disponibilizadas no pacote permitem harmonizar e integrar registros de ocorrência de espécies de diferentes fontes, padronizar a taxonomia de diferentes grupos (animais, plantas, fungos, etc) e identificar e corrigir problemas nas coordenadas e na data de coleta dos registros. Várias figuras, tabelas e relatórios são automaticamente criados com objetivo de facilitar a interpretação dos resultados e tornar o processo de limpeza dos dados transparente e reprodutível. A estrutura do pacote organizada em módulo temáticos e os vários tutoriais disponibilizados possibilitam que o pacote seja utilizado até por usuários com pouca experiência em programação.

Expectativa

Em entrevista para o Portal UFG, Bruno conta que não tinha muita expectativa de ganhar o prêmio. Ele sabia que era muito difícil, pois o concurso tem a participação de várias pessoas do mundo com propostas muito boas. “Ano passado chegamos a concorrer e não levamos o prêmio, mas para este ano melhoramos muito o nosso trabalho”, afirma.

O pesquisador explica que uma das melhorias foi “tornar o código livre em um repositório on-line chamado The Comprehensive R Archive Network (Cran), e também publicamos um artigo referente a essa ferramenta que desenvolvemos. Tudo isso ajudou bastante”. O artigo ao qual Bruno se refere descreve o BDC e foi publicado em abril deste ano na revista inglesa Methods in Ecology and Evolution (MEE), publicação científica inglesa sobre ecologia e evolução da British Ecological Society (BES). O periódico tem fator de impacto 8,3.

Outra ação para incrementar a ferramenta foi a criação de tutoriais detalhados, disponíveis on-line, que facilitam o entendimento da ferramenta. “Tudo isso facilitou termos sido escolhidos para ganhar o prêmio”, acredita. 

Telefonema

Bruno ficou sabendo da premiação quando recebeu um telefonema do GBIF. “Na hora, inclusive, eu achei que a gente tinha ficado em segundo e já tinha ficado superfeliz. Depois eu fui confirmar e ele enfatizou que havíamos ganhado em primeiro lugar”.

 

Equipe premiada do PPG Eco-Evol ICB UFG
Equipe vencedora: Bruno, Santiago, Karlo, Geiziane, Lucas, Steven e Rafael

 

“A premiação vem como um grande reconhecimento do nosso trabalho. Essa ferramenta foi desenvolvida por uma equipe de várias pessoas e todo mundo trabalhou muito. Esse prêmio, pelo que conheço, é o maior concurso nessa área de biodiversidade em inovações, qualidade de dados abertos de biodiversidade”, destaca o egresso. 

“Esse prêmio foi legal porque incentivou a gente a continuar a tornar a ferramenta ainda mais abrangente. Agora estamos iniciando novas colaborações com pessoal da Austrália e dos Estados Unidos para tornar essa ferramenta ainda mais ampla e que possa ser utilizada por mais pessoas ainda”, diz.

O prêmio da equipe que ficou em primeiro lugar do Ebbe Nielsen Challenge 2022 foi de 8 mil euros. Havia um total de 20 mil euros que foram divididos entre os 3 ganhadores. “A quantia deve ser recebida por transferência bancária e a gente vai dividir esse valor de forma igual para a equipe como uma forma de reconhecer o árduo trabalho de todos os envolvidos”, explica Bruno. 

Publicação internacional

A pesquisa também fez parte da tese de doutorado intitulada “Avaliação e síntese do estado de conservação da flora brasileira”, defendida no final de agosto de 2021. Na qual ele relata como desenvolveu e testou ferramentas e metodologia para agilizar o processo de avaliação de risco de extinção de espécies a fim de contribuir para a promoção de programas eficazes de conservação e proteção. 

Além de ficar em primeiro lugar no Ebbe Nielsen Challenge 2022, a tese de doutorado de Bruno Ribeiro recebeu Menção Honrosa no Prêmio Capes Tese 2022, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), que reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros.

Espécie ameaçada

Em entrevista publicada no Jornal UFG em julho de 2022, o pesquisador afirma que “o princípio para se proteger uma espécie é que ela esteja ameaçada, então, esse é o passo inicial, identificar se a espécie é ameaçada e depois desenvolver programas, ações e estratégias para manejar, para proteger, com o intuito de tirar essa espécie da lista de ameaçadas”.

A matéria traz um dado da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), segundo o qual apenas cerca de 5% das espécies que existem no planeta foram avaliadas até hoje. Em relação às plantas brasileiras, que foram as protagonistas da pesquisa de Bruno, das 4.617 avaliadas, 2.113 já estão na lista vermelha, que é a lista que categoriza as espécies como criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável.

 

 

Fonte: Secom/UFG, com informações do PPG Eco-Evol e Jornal UFG*

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