Palestra preconceito

Respeito e educação na luta contra qualquer forma de preconceito

Em 10/10/19 11:56.

Palestras marcaram o lançamento da campanha "Repense o preconceito com o seu respeito" e reforçaram o caráter plural e formativo das instituições de ensino

Texto: Caroline Pires

Fotos: Ana Fortunato

Educar para formar e substituir o preconceito pelo respeito no ambiente universitário. Foi com esse ideal que na manhã desta quinta-feira (10/10) foi realizada a palestra que marcou o lançamento da campanha "Repense o preconceito com o seu respeito", com o objetivo de esclarecer a comunidade acadêmica sobre temas como machismo, misoginia, preconceito contra LGBT e preconceito racial. O evento foi realizado no Centro de Eventos Prof. Ricardo Freua Bufáiçal e reuniu estudantes, servidores e membros da comunidade externa.

Na abertura do evento a vice-reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Sandramara Matias Chaves, destacou o trabalho da Comissão Permanente de Acompanhamento de Denúncias e Processos Administrativos Relacionados a Assédio Moral, Sexual e Preconceito na UFG e lembrou que a Universidade é pioneira nessa questão. "Nós temos trabalhado no sentido de promover cada vez mais um ambiente de respeito em que toda a comunidade perceba que a universidade zela pela pluralidade", afirmou.

Segundo ela, o objetivo da comissão é diminuir cada vez mais o número de denúncias como resultado do trabalho formativo e informativo, para promover uma postura de respeito. "Nossa preocupação é para além de acompanhar os casos e conseguir reduzir qualquer tipo de ação de preconceito, violência e abuso na UFG". De acordo com a vice-reitora, a UFG tem sido procurada por outras instituições públicas de ensino para conhecer o trabalho realizado desde a aprovação da resolução. "A Universidade mostra sua força nesse momento extremamente difícil e seguirá resistindo e mostrando a força do que fazemos e produzimos", concluiu.

Palestra preconceito

Vice-reitora da Universidade, Sandramara Matias Chaves, abriu a rodada de palestras

As estruturas de machismo e misoginia

A professora da Regional Goiás da UFG, Maria Meire Carvalho, iniciou sua palestra abordando o quadro de preconceito perpetuado na história da humanidade e que está ligado a uma cultura patriarcal e machista, que opera por meio de estruturas invisíveis que aprisionam as mulheres. A professora apresentou conceitos e lembrou o quanto a legislação brasileira precisa avançar com o tema e discussões para o fim do preconceito de qualquer tipo.

Intercalando sua fala com poemas sobre resistências das mulheres, a professora estimulou os presentes a refletir sobre como a ação de resistir é fundamental para a articulação contra o machismo e a misoginia. "Cabe a nós a busca por políticas públicas e encorajar os movimentos sociais a lutarem por igualdade de gênero. Nossa luta é política", afirmou.

Palestra preconceito

"Nossa luta é política", afirmou a professora da Regional Goiás Maria Meire Carvalho

Dados alarmantes de preconceito contra LGBTs

A cada 16 horas uma pessoa LGBT é assassinada. A expectativa de vida de uma pessoa transexual é de 35 anos. Hoje há 80 países no mundo que consideram uma pessoa homossexual criminosa e outros cinco têm leis que podem os condenar a morte. Com esses dados alarmantes, a presidente da Comissão Homoafetiva da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás, Chyntia Barcellos, reforçou o quanto é preciso avançar para evitar que o preconceito continue aniquilando indivíduos.

Segundo ela, a discriminação é a materialização do preconceito e ela pode ser exercida não só individualmente, mas também por empresas ou determinadas comunidades. Por isso, a advogada defendeu que se livrar do preconceito é um esforço diário visando quebrar aos poucos a herança cultural a qual todos são expostos desde a infância.

Chyntia Barcellos ainda apresentou casos de pessoas atendidas por ela que passaram pelas mais diversas situações de discriminação em suas trabalhos, convívio social e família. Ela ainda orientou os participantes sobre a importância de que as denúncias sejam formalizadas junto a chefia, ouvidoria ou polícia para que os inquéritos possam ser o mais completos possíveis na luta contra esses crimes.

Palestra preconceito

Chyntia Barcellos, da OAB-Goiás, relatou episódios recorrentes de homofobia e transfobia

Formação contra o preconceito racial desde a infância

Compartilhando suas experiências, Cecília Maria Vieira, que é presidente do Conselho Municipal para Igualdade Racial em Goiânia, demonstrou como o racismo é institucionalizado e está enraizado na cultura brasileira. Como professora, ela relatou diversas situações de preconceito vivenciados em sala de aula e a forma como as crianças reproduzem esses discursos desde os primeiros anos de vida. "Por isso o papel fundamental da educação como uma ferramenta para a quebra da manutenção desse quadro e da necessidade de que sejam fomentadas discussões sobre preconceito desde a educação infantil", defendeu.

Lembrando de suas dificuldades enquanto pesquisadora negra e os percalços enfrentados cotidianamente nas escolas públicas, Cecília Vieira apresentou o histórico de opressão aos negros que tem se perpetuado desde sempre no Brasil. "Os negros são vistos como corpos suspeitos que não podem circular em todos os lugares. Não é difícil presenciar situações de discriminação acontecendo em lojas, nas ruas ou em uma conversa com piadas racistas. Existem até mesmo empresas com políticas de recursos humanos preconceituosas".

Por fim, a professora defendeu que sejam formados novos espaços para o diálogo e o enfrentamento a essa realidade. "Não basta estarmos aqui discutindo discriminação, é preciso que essa discussão se expanda para praças, bares e as relações sociais. Esse é um trabalho nosso: enfrentar o racismo em suas mais diversas formas no dia a dia", afirmou.

Palestra preconceito

De forma didática, a professora Cecília Maria Vieira expôs as entranhas do racismo

Fonte: Secom/UFG

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