Papai noel visita

Reitoria recebe visita do Papai Noel e doação de presentes

Em 30/11/18 18:01.

Iniciativa tem objetivo de promover um natal mais feliz para crianças carentes

Texto: Gustavo Motta

Fotos: Carlos Siqueira e Nathália Cruz

Os servidores e estudantes que passaram pela Reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG) na manhã da última quinta-feira (29/11) se emocionaram com a chegada do Papai Noel. A iniciativa foi promovida pela Secretaria de Comunicação (Secom/UFG), em apoio à campanha “Papai Noel dos Correios”, realizada anualmente pela empresa pública de correspondências, e contou com a participação do Coro de Câmara da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac/UFG), que fez uma breve apresentação com canções natalinas.

A comemoração teve arrecadação de presentes recolhidos com o apoio de servidores e demais membros da comunidade acadêmica que adotaram cartas, enviadas por crianças carentes. A Secom se disponibilizou a receber as correspondências, cujas letras cursivas, simples caligrafias, pediam brinquedos como bonecas, carrinhos, bolas, skates e tablets e emocionaram quem as lia, pelo contato com outra realidade material, expressa em pedidos humildes e distantes do universo lúdico da infância - roupas, camas, colchões e alimentos.

papai noel correios

Papai Noel dos Correios recolheu os presentes que serão encaminhados às crianças

Cartinhas

A coordenação das atividades foi realizada pela colaboradora Vanessa Setúbal, que teve a ideia de selecionar algumas cartas das crianças. Ao todo, foram recolhidas cerca de 300 mensagens, escritas, decoradas e desenhadas por mãozinhas de até 10 anos. “Esses textos vieram de muitas localidades, tanto em Goiânia, quanto no interior - de escolas, creches, e diversas instituições que prestam algum serviço a comunidades carentes”.

Vanessa conta que muitos servidores se sensibilizaram com as crianças porque alimentavam sonhos semelhantes na infância. “Especialmente as pessoas mais velhas, sendo que muitas vieram de origens humildes - então houve um exercício de empatia”, avalia. Entre os desejos, a colaboradora conta que se emocionou com o pedido de dois colchões. “Uma criança escreveu que o colchão dela estava se desfazendo aos poucos, se esfarinhando no chão”.

Outra carta, escrita por irmãos gêmeos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pedia camas, pois ambos ainda dormem em um berço antigo. “Teve criança pedindo blusa de frio, caixas de leite - muitas dizendo que tinham se comportado bem ao longo do ano, com desejo de conferir um natal feliz às suas famílias”. Nesse contexto, uma força-tarefa foi realizada para incentivar os servidores a adotarem os pedidos. “Tivemos uma recepção muito positiva”, comemora.

 

Vanessa

Ninguém é de ferro: Vanessa Setúbal aproveitou ocasião para tietar o Papai Noel

Corrente

Déborah Bombonate foi uma das pessoas que contribuiu para realizar os sonhos dos pequenos. “Quando soube das cartinhas, contei para os meus parentes, que logo se disponibilizaram a atender os pedidos”. Ao todo, a bolsista ajudou a realizar os sonhos de 47 meninos e meninas. “Uma das cartas que mais me emocionou foi escrita em braile, que atendemos com o envio de quatro bonecas - outra pedia um par de tênis, algo que a criança disse nunca ter ganho antes”.

Escrita com muito cuidado, de acordo com as particularidades de mundo e escrita típicas da infância, a criança escreveu: “Papainoeu eu quero um tênis 29 porque eu nunca tive um tênis”, acompanhada de um desenho, no qual chama à atenção a imagem de um embrulho amarelo. Em outra, uma criança confidenciou: “Nesse ano além de paz e amor, gostaria de ganhar materiais escolares, roupas e sapato novos para passar o natal. Prometo que vou continuar me esforçando para ser um bom aluno”.

 

pedido de tenis

Em destaque: criança pede um tênis, presente que nunca recebeu antes

cartas crianças

Pedidos simples, com letras cursivas e desenhos coloridos encantaram e emocionaram quem adotou um presente

Com todas essas correspondências, Déborah conta que a corrente do bem foi possível graças à empatia das pessoas ao seu redor. “Meus familiares cresceram em ambientes humildes e, por isso, sonhavam com carrinhos, bonecas, e bolas - mas as condições financeiras impediam a realização desses sonhos, por mais simples que fossem”. Foi essa identificação com os pequenos, a sensibilidade para despertar a criança adormecida em cada um, que permitiu atender a tantos desejos.

“Outro garoto escreveu que gosta muito do Shadow (personagem fictício em uma franquia de jogos)”. Na carta, o menino finalizou seu pedido da seguinte forma: “Papai Noel você gosta de criança? Se puder me dar presente eu agradeço, se não puder eu entendo”. Déborah conta que fez questão de sair com o namorado, Marcelo Vanazzi, para encontrar um presente, e acabou encontrando o próprio Shadow de pelúcia. “Junto com o brinquedo, pedi para ele fazer um desenho do personagem”.

Shadow

Pelúcia do personagem Shadow, junto com desenho de Marcelo Vanazzi, que devem fazer a alegria de uma criança no Natal (arquivo da Deborah Bombonate)

Iniciativa

Professor homenageado durante a solenidade, Gustavo Rodrigues Pedrino já tinha o costume de presentear crianças que depositavam cartas nos Correios. Desde 2012, o docente incentiva seus alunos a adotarem pedidos. “Às vezes, por causa da nossa realidade material, temos dificuldade para entender que existem crianças necessitando de bens muito básicos, como materiais escolares, alimentos e brinquedos - por isso precisamos, cada vez mais, exercitar essa humanidade ao abraçar o sonho do outro”, avalia.

Diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFG), Gustavo Pedrino conta que o incentivo junto aos graduandos está desenvolvendo uma cultura de filantropia na Unidade: “eu vejo muitos repetindo a ação, mesmo anos depois de terem sido meus estudantes”. Para o professor, o ato de ajudar o próximo é uma responsabilidade moral, sendo que “quem ajuda não precisa se mostrar por isso, pois o sonho realizado fica na memória de quem foi contemplado pela ação”.

Gustavo e Papai Noel

Da esquerda à direita: Superintendente Estadual de Operações dos Correios, Osmar Caldeira Júnior; Papai Noel; Gustavo Pedrino e o Pró-Reitor de Gestão de Pessoas, Everton Wirbitzki

Universidade

Essa foi a primeira edição da parceria natalina entre a Universidade e os Correios. A Secretária Adjunta de Comunicação, Suzy Meire Silva, destaca que o evento faz parte do plano de ações para integração de servidores, desenvolvido pela Secom. Nesse contexto, a Universidade buscou criar uma parceria com os Correios. “Muitos dos nossos colaboradores abriram seus corações para compartilhar histórias da infância e, com certeza, estamos mais próximos uns dos outros”, comemora.

“Eu adotei a carta de uma menininha que pediu uma sandália e um fone - mas ela não sabia escrever e, por isso, desenhou a cartinha”. Suzy conta que comprou uma sandália da Minnie (personagem da Disney) e um fone com desenho de unicórnios. A secretária adjunta acredita que ações dessa natureza contribuem para humanizar o ambiente de trabalho - o espaço de convivência dos servidores. “Precisamos nos sensibilizar e lembrar que trabalhamos para a sociedade e, especificamente, para pessoas”.

O Pró-Reitor de Gestão de Pessoas, Everton Wirbitzki, destaca que o contexto natalino é o momento mais adequado para se refletir como pequenas ações podem repercutir na melhoria de vida dos indivíduos. “Existem três momentos diferentes na vida: quando acreditamos em Papai Noel, quando deixamos de acreditar em Papai Noel, e quando nos tornamos o Papai Noel na vida de alguém  - quando resgatamos o espírito natalino e nos desenvolvemos, enquanto seres humanos, com ações desse perfil”.

Velhinho

Quem passou pelo espaço da Reitoria, viu de perto o Papai Noel dos Correios, que veio para trazer um pouco da magia natalina. Com o típico traje vermelho e branco, uma barba generosa e botas em grande estilo, o morador mais famoso da Lapônia (região finlandesa, onde se acredita que ele reside) chegou, com pompa e circunstância. Cansado pela viagem de muitos quilômetros, o velhinho ocupou uma cadeira ladeada pelos presentes.

Contudo, para quem já “deixou de acreditar em Papai Noel, e se tornou Papai Noel na vida de alguém”, o homem por trás das barbas é o Maurício Souza Diniz, um colaborador de longa data na empresa - 42 anos nos Correios. “Eu faço esse papel há quatro anos, e fico muito satisfeito com a emoção que a minha chegada provoca nas pessoas - o sorriso e o choro de felicidade”. Maurício se tornou avô recentemente, e tem uma neta com apenas um ano de idade: “É a paixão do vovô Noel”, confidencia aos risos.

A iniciativa dos Correios tem 29 anos, sendo uma ação que ganhou força e tem integrado o serviço público com a realização de sonhos para milhares de crianças - e de adultos, uma vez que servidores na plateia estavam emocionados, sorridentes e outros até choravam. O clima natalino foi reforçado pelos cantos do Coro de Câmara da Emac/UFG (citado no início da matéria) que, junto com o empenho de pessoas como Vanessa e Maurício, ajudou os presentes a acreditarem, um pouco mais, no espírito do bom velhinho.

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Maurício Diniz como Papai Noel: "muito satisfeito com a emoção que a minha chegada provoca nas pessoas"

Coro

O professor Ângelo Dias é o responsável pela regência do coletivo, e destaca como surgiu a oportunidade para a apresentação: “O nosso horário de ensaio, entre as 11h e 12h30 correspondia ao momento de vinda do Papai Noel e, por isso, decidimos fazer essa breve apresentação aqui”, conta. O Coro é formado por graduandos da Emac/UFG que estudam canto e o desempenho de alguns instrumentos, como violinos e violoncelos. “Esse é um grupo selecionado, no qual mantemos cerca de 30 pessoas por semestre, e que representa muito bem o trabalho realizado em nossa Unidade Acadêmica”.

O grupo realiza ensaios, sempre às terças e quintas-feiras, e conta com a participação de seis bolsistas. Ademais, o coletivo contou com a participação do estudante Washington Oliveira na percussão. Sob a regência de Ângelo Dias, o coro apresentou cinco canções natalinas de origem europeia. “As músicas de Natal têm uma tradição muito antiga, porque todas são velhas”, conta aos risos. Isso ocorre porque, conforme o professor, “as pessoas sempre querem ouvir as mesmas canções, o que fortalece o costume”.

“Noite Feliz”, por exemplo, existe há 200 anos. “Essa música tem uma história muito bonita”, revela. Escrita pelo padre Joseph Mohr como um poema, a música recebeu composição de Franz Xaver Gruber, em 1818. A melodia apareceu pela primeira vez na cidade austríaca de Oberndorf, após a busca do padre por um instrumento para a igreja local - órgão da paróquia havia sido destruído por ratos. A situação de simplicidade inspirou a memória sobre o nascimento humilde de Jesus, escrito em versos e, desde então, cantado como um dos temas natalinos mais famosos do mundo.

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Coro de Câmara da Emac/UFG apresentou músicas de tradição natalina

 

Fonte: Secom/UFG

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