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Emoção marca abertura da I Jornada de Pediatria da UFG

Em 12/11/18 12:45.

“O pediatra é em sua essência sensibilidade”, ressalta professora da UFJF

 

Texto: Aline Borges
Fotos: Carlos Siqueira

“Esse é um momento de encontro e reencontro”. Assim, a Pró-Reitora de Extensão e Cultura (PROEC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lucilene Maria de Sousa, iniciou a cerimônia de abertura da I Jornada de Pediatria da UFG, que aconteceu nos dias 9 e 10 de novembro, na Faculdade de Medicina, com o tema “um enfoque interprofissional”. O evento reuniu diversos profissionais da área da saúde, pediatras, professores, alunos e servidores, tanto da FM quanto do Hospital das Clínicas, para celebrar o início da Jornada e homenagear aqueles que passaram pela unidade e ajudaram a construir a história da pediatria não só na UFG, mas em todo o estado de Goiás.

Quando as servidoras Maria Gorete Borges e Maria das Graças Borges subiram ao palco do Teatro Asklepios para abrir a noite com música, nem tudo acontecia dentro do planejado. O instrumentista não pudera comparecer e a psicopedagoga Maria Gorete teve de fazer as vezes de vocalista e violonista. “Sabe, os quase trinta anos na pediatria me ensinaram a dar o meu melhor com aquilo que a gente tinha”, explicou antes de tocar a primeira melodia da noite - Imunização Racional, do cantor Tim Maia. Mas foi mesmo na segunda canção que o tom de toda a cerimônia foi, de fato, alcançado. No momento em que o som começou a falhar e os microfones não ajudavam, a plateia entrou no ritmo e, em coro, começou a entoar juntos os versos de Tocando em Frente praticamente à capela. Naquele instante, a cerimônia de abertura abriu mão da formalidade de um evento desse nível e tornou-se, de fato, um ambiente de encontro com a essência de ser pediatra e reencontro com a memória dos que por ali passaram.

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Cerimônia de abertura contou com apresentação artística que embalou o público e o levou a cantar junto

Tocando em frente sem esquecer o passado

“A pediatria, nesse momento, passa por uma fase muito difícil no país e a Universidade Federal tem um papel importante como formadora de pediatras, de médicos de maneira geral para Goiânia e para Goiás como um todo. Então nós resolvemos fazer uma jornada para contemplar isso e, por ser a primeira, nós resolvemos homenagear todos os ex-professores.”, explicou o vice-diretor da área de pediatria, Solomar Martins, responsável por um dos momentos mais marcantes da noite, o resgate histórico da pediatria na UFG.

“Nós acreditamos que resgatar a história é muito importante, resgatar nosso passado, que faz parte do nosso presente”, explicou a presidente da Jornada, Lusmaia Damasceno. “Eventos como esse homenageiam aqueles que durante muitos anos dedicaram suas vidas para nossa universidade”, completa o diretor da FM, Fernando Carneiro. Neste mesmo impulso, Solomar iniciou sua fala projetando no palco, fotos, memórias, momentos que fizeram da Pediatria na UFG o que ela é hoje. Mas antes, não pôde deixar de falar da essência do que é ser pediatra, do que os mais de vinte mil profissionais da área devem buscar ao atender seus pacientes: “O pediatra de raiz é capaz de ver a criança como um todo, é aquele que se encanta com a caderneta de vacinação toda preenchida, é um guardião da saúde da criança”, comentou.

E foi por meio dessa busca pela promoção da saúde que tudo começou quando, em 1962, entendendo a carência de Goiás por uma escola de formação de médicos, Jonas Ayube ajudou na formação e consolidação da Faculdade de Medicina de Goiás sendo o primeiro professor concursado, titular e catedrático da cadeira de Pediatria. Em 1971, houve uma transferência de atividades assistenciais da Santa Casa de Misericórdia para o Hospital das Clínicas. Na época, Ayube reuniu forças para atuar como o coordenador das atividades da área onde trabalhou formando diversos profissionais até 1984, ano de sua morte.

O pioneiro foi representado na noite pela esposa, Elza Ayube, que veio do Rio de Janeiro para homenagear o marido. “Eu tenho tanta coisa boa que ele me transmitia do departamento. Ele amava o departamento de pediatria e eu quero agradecer essa homenagem bonita a todos os pediatras, a todos os alunos, inclusive aos que não existem mais. A lembrança é para aqueles que deixaram uma boa recordação, uma boa lição de profissionalismo sério, autêntico e construtivo para as crianças do Brasil”, declarou Elza com os olhos marejados.

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Emoção na homenagem aos mestres que já se foram

Os desafios foram grandes na época, mas as lutas não findaram. Cada dia na vida desses profissionais é uma constante batalha na qual a grande vitória é cumprir o papel social de “cuidar da criança para que seja um adulto saudável, afinal, criança é presente, mas também é futuro”, afirmou Lusmaia, que também citou Ruth Rocha para lembrar que “Toda criança no mundo / Deve ser bem protegida / Contra os rigores do tempo / Contra os rigores da vida. / Criança tem que ter nome / Criança tem que ter lar / Ter saúde e não ter fome / Ter segurança e estudar”. Esse é um dos ideais que faz com que muitos médicos façam da carreira uma parte imensa em suas vidas, o amor pela medicina e a consciência da responsabilidade que tem em mãos.

É o caso de Fátima, ex-professora da FM também homenageada da noite. “Aqui, eu vivi 38 anos da minha vida rodeada de alunos e residentes, como professora, fazendo meu mestrado e depois tive que aposentar. Aqui, é um lugar bom, instigava a gente a estudar, a viver. Hoje, eu fiquei feliz, pois eu vi um aluno meu sendo chefe do departamento. Então, é muito bom esse reconhecimento. Não que a gente queira viver de reconhecimento, mas de gratidão”, finaliza.

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Pensar o futuro no presente

Pensar em uma Jornada de Pediatria com um enfoque interprofissional, a um primeiro momento pode parecer abstrato, mas Lusmaia explica que esse foi um esforço para atender à complexidade dos desafios contemporâneos. “Nós temos que cuidar da criança de forma integral, da saúde física e da saúde mental, e utilizar o diversos profissionais de saúde que a gente tem para abordar de uma forma integrada esse conhecimento. Por isso que a gente chama de interprofissional, vários conhecimentos, várias especialidades e várias profissões da área da saúde trabalhando juntos e trocando conhecimentos em prol da saúde da criança e do adolescente”, afirmou a pediatra. “Nós trabalhamos juntos, o médico trabalha com outros parceiros, da enfermagem da psicologia da nutrição então nessa coisa de ser interdisciplinar nós estamos todos envolvidos nesse processo com o bem-estar da criança”, completa Solomar.

Tratar de uma configuração de trabalho interprofissional exige muito mais do que simplesmente reunir várias áreas da saúde em torno de um mesmo caso clínico. “Não significa colocar junto, mas fazer diferente”, explicou a professora da Faculdade de Juiz de Fora (UFJF), Oscarina da Silva. “É importante a gente pensar na prática colaborativa em um ensino que favoreça uma formação interprofissional porque os problemas complexos precisam de ações complexas, precisam de saberes que se organizam. Então, pela quantidade de conhecimento que a gente tem hoje não dá mais para ficar na mão de apenas um profissional e a gente não pode mais ter poder nessa relação. A gente precisa de pessoas pensando juntas para trabalhar juntas tendo o centro o paciente ou a comunidade”, reforça a pesquisadora convidada.

Enfim, a I Jornada de Pediatria marcou um novo momento na história da Universidade, que pensam num futuro sem deixar de reconhecer os esforços daqueles que passaram por ali primeiro e trabalham de forma conjunta para oferecer à sociedade um serviço pediátrico aprimorado, humano e sensível. “A escolha do tema aborda desde as especialidades em si, até a saúde pública, o SUS, e isso é muito importante, pois a universidade tem um papel relevante frente a comunidade. Então o impulso é fazer com que essas especialidades, especialmente a pediatria, estejam voltadas ao contexto social em que vivemos”, finaliza Fernando Carneiro.

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Oscarina da Silva foi a palestrante convidada da noite

 

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Resgate da história da Pediatria na UFG

 

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Lusmaia Damasceno se emociona ao falar do papel social da pediatria

 

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"Eventos como esse serão um dos legados da gestão", afirma Fernando Carvalho

Fonte: Secom UFG

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