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Professores e alunos falam sobre cotas e inclusão na UFG

Em 25/06/18 18:51.

Roda de conversa sobre as ações afirmativas da Universidade faz parte do Espaço das Profissões 2018 e ocorre em tenda próxima ao Centro de Convivência

Texto: Versanna Carvalho

Fotos: Carlos Siqueira e Versanna Carvalho

As políticas para inclusão e permanência de alunos na Universidade Federal de Goiás são o tema da tenda UFG é pra todos, é pra você, da Coordenadoria de Ações Afirmativas (Caaf), durante o Espaço das Profissões 2018, que ocorre nesta segunda-feira e terça-feira (25 e 26 de junho), Câmpus Samambaia, em Goiânia. O gazebo foi montado próximo ao Centro de Convivência. No primeiro dia do evento, foi realizada a roda de conversa Cotas e Ações Afirmativas na Universidade, na qual servidores e professores falaram sobre cotas e ações afirmativas da Universidade. “Queremos dialogar, principalmente, com a comunidade externa da UFG sobre o que está acontecendo e o que precisa acontecer na UFG sobre inclusão e diversidade”, explica a docente e titular da Caaf, Marlini Dorneles de Lima.

No encontro também falaram sobre como funcionam as cotas na UFG - regulamentada pela Lei nº 12.711/12, alterada pela Lei nº13.409/16 - e de que forma o candidato pode concorrer a uma vaga na Universidade, dentro da política de cotas. Conceitos importantes, como os de ações afirmativas, cotas e cotas raciais, também foram repassados aos participantes. De acordo com a professora Luciana Dias de Oliveira, do Núcleo Takinahaky de Educação Intercultural, da Faculdade de Letras, a ação afirmativa é a ação que tem o objetivo de mudar uma situação de exclusão histórica. “Ou seja, reverter algum tipo de injustiça social”.

A cota, explica Oliveira, “é uma espécie de ação afirmativa para que determinado sujeito ocupe determinados lugares na sociedade”. A professora ressalta que as cotas são adotadas no Brasil desde o século 19, mas que só de 2012 em diante passou a chamar a atenção e a gerar questionamentos, depois do acréscimo da palavra racial ao vocábulo. “Naquela época, criou-se uma espécie de cota para incentivar a vinda de europeus ao País e branquear a população e ninguém reclamou”.

Luciana de Oliveira observou que, no âmbito da universidade, até uns 16 anos atrás, o ensino superior, além de fragmentado, era excludente. “De 2002 em diante, começou-se a adotar cotas no Brasil [ano de criação do Programa Diversidade na Universidade, para viabilizar o acesso de pessoas socialmente desfavorecidas à universidade]. Na esteira desses acontecimentos, o programa UFG Inclui, de 2008, é criado antes da Lei Nacional de Cotas”, contextualiza.

Estudantes

O estudante de cursinho preparatório para o ingresso na universidade, Ramsés Rodrigues Ferreira, quis saber sobre o funcionamento da Comissão de Verificação de Autodeclaração da UFG e comentou que já conheceu pessoas de família negra, que teriam tido a solicitação de ingresso na Universidade indeferida. O presidente da Comissão, Pedro Cruz, explicou como é a composição de cada comissão, e de que a legislação prevê que o que deve ser observado é o fenótipo. Ou seja, as características físicas do candidato, que fazem com que ele seja identificado como uma pessoa negra.

Já o estudante de Letras Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) na UFG, Leonardo Ferreira, observou que a inclusão é grande na sua unidade. A coordenadora se comunica em libras e a grande maioria dos colegas também. No entanto, ele relata sentir uma grande dependência dos intérpretes na hora de conseguir informações sobre cursos e questionou porque apenas o curso de Letras, na habilitação Libras é oferecido às pessoas com deficiência auditiva como ele.

Roda de Conversa 2 - Versanna CarvalhoProfessores, estudantes universitários e secundaristas refletem sobre as políticas de acesso 

Além de continuar assegurando cotas raciais, para portadores de deficiência e sociais, a estudante Roberta Radharani Résio, do curso de Ciências Sociais - Políticas Públicas, defende que está na hora de a UFG ter também cotas para alunos trans. A discente faz parte do coletivo TransAção e declara que o grupo tem que trabalhar para permitir um maior acesso por parte dos transessuais à universidade. Em sua fala, Radharani ressaltou que tem se sentido muito bem na UFG. “Não sofri preconceito grave até o momento. O meu nome social é respeitado. Sei que tenho me beneficiado por lutas travadas anteriormente à minha chegada, ainda assim, vejo que muita coisa ainda precisa ser feita”, observa.

O momento de fala de Vanessa Karajás, discente de Pedagogia, foi também de desabafo. A jovem está no quarto período do curso e, a despeito das ações de inclusão da UFG, sente um grande isolamento, pelo fato de ser a única estudante indígena da sua turma. Apesar dos desafios, de deixar sua comunidade para viver em outra cultura, e dos problemas enfrentados com o auxílio permanência (que quase foi retirado pelo Ministério da Educação nas últimas semanas) a jovem segue firme no propósito de se desenvolver e poder ajudar a sua comunidade quando retornar para casa. “O ambiente acadêmico inclui e exclui ao mesmo tempo. Será que a UFG é para todos, como diz o cartaz aí fora? A UFG não é para todos, ainda estamos em construção”, resume.

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Roda de conversa é encerrada com atividade cultural

Programação

As atividades da tenda UFG é pra todos, é pra você têm início às 9h da manhã e segue até o final da tarde. Confira a programação abaixo:

Programação Espaço UFG é pra todos

Serviço

Evento: Espaço das Profissões 2018

Local: Universidade Federal de Goiás - Câmpus Samambaia

Datas e horários: 25/06 - segunda-feira: das 13h30 às 21h

                          26/06 - terça-feira: das 8h30 às 17h30

Site do evento: https://espacodasprofissoes.ufg.br/2018/

 

Fonte: Secom/UFG

Categorias: Última Hora Espaço das Profissões CAAF PROGRAD Ensino Médio inclusão cotas raciais