Filme sobre dom Tomás Balduíno é lançado em Goiás

Texto: Weberson Dias

Durante a 4^a Semana Dom Tomás Balduíno na Cidade de Goiás, foi realizado o pré-lançamento do filme “O voo da primavera”, que conta a história de Dom Tomás. O evento foi realizado no dia 03 de maio, no Cine Teatro São Joaquim. “O voo da primavera” é o primeiro documentário sobre dom Tomás. O evento tem a parceria da UFG, tanto pelo Observatório Fundiário Goiano (OFungo/Regional Goiás); quanto pela Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) e Coletivo Magnifica Mundi, da Regional Goiânia. 

Documentário

A diretora do longa, Dagmar Talga, colaboradora da Comissão Pastoral da Terra (CPT) conta que conheceu dom Tomás, ainda em 2006, durante as gravações de outro documentário, em Uberlândia (MG). Na oportunidade, Dagmar chegou a comentar com ele a possibilidade de lançar um produto (livro ou filme) sobre a vida dele. Dom Tomás imediatamente, conta ela, pediu para que não fosse biográfico e anotou uma lista com centenas de nomes de companheiros de caminhada que ele acreditava que fosse interessante entrevistar. Após definir ser um documentário, a equipe iniciou as gravações pela América Latina, a partir de 2009, embora alguns nomes da lista já tivessem morrido.

No ano passado, após finalizar as gravações, o grupo contabilizou 120 entrevistados, entre os quais, apenas uma média de 30 deles foi utilizado no filme. “Com 89 minutos, o filme, conforme ele idealizou, não é uma biografia. Fala, através de depoimentos gravados, do trabalho que ele fazia junto ao povo da caminhada, a defesa pela reforma agrária e a luta por direitos humanos. Os depoimentos são de personalidades conhecidas, como Leonardo Boff e Carlos Rodrigues Brandão, além de outras personalidades”, pontuou a diretora do filme.

A diretora explicou ainda a escolha do nome do filme "Voo da primavera". "Ele foi piloto por  40 anos, e devido à caminhada, voou para a democracia. Primavera era a música preferida dele", explicou ela. 

Contexto

Dagmar Talga atribui a democracia de hoje ao trabalho que ele fez com as populações mais pobres, sendo peça fundamental para desbancar a Ditadura Militar. “Com seu trabalho de articulação na América Latina, tornou-se peça fundamental para ir contra a ditadura, embora tenha sofrido ameaça de morte, tentativa de homicídio e emboscada”, lembra ela.

Para a diretora, no contexto que o país vive, torna-se muito atual. “O filme tem tudo a ver com o que estamos passando no Brasil. Há uma ofensiva contra os direitos, a liberdade e a democracia. Os meios de comunicação e a elite conservadora não tem mais vergonha de mostrar a cara e isso tem tudo a ver com o desmonte da democracia. O filme fala disso, da caminhada, e a caminhada continua...”, finalizou, agradecendo ao Murilo Souza, do GWATÁ/UEG, à Comissão Dominicana, CPT Nacional, e à Diocese de Goiás.

Perfil

Dom Tomás Balduino nasceu em Posse, no norte goiano, em dia 31 de dezembro de 1922. Registrado como Paulo Balduino de Sousa Décio, ao ser ordenado religioso dominicano, em Minas Gerais, ele recebeu o nome de Frei Tomás, como era costume. Dom Tomás Balduino tornou-se bispo emérito da Cidade de Goiás (GO), fundou a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975, e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 1972, e se opôs ao regime militar, ajudando pessoas perseguidas pela Ditadura. Em novembro de 2006, dom Tomás recebeu da PUC-GO o título de Doutor Honoris Causa, e em 2008, recebeu o mesmo título da UFG, devido ao comprometimento de Dom Tomás com a luta pelo povo pobre. Ele faleceu aos 91 anos de idade, no dia 3 de maio de 2014, em Goiânia(GO). Se estivesse vivo, nesta quinta completaria 95 anos. (Perfil com informações extraídas de <g1.globo.com>).