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Conferência de formação de professores defende Pibid

Em 20/02/18 17:14.

Evento reuniu licenciaturas da UFG e escolas públicas que participam do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

Texto: Patrícia da Veiga

Imagens: Carlos Siqueira

A terça-feira do dia 20/2 será lembrada estre estudantes e professores vinculados ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) pela palavra “resistência”. Foi esse o termo invocado durante a II Conferência de Formação de Professores (Confop), realizada na Faculdade de Educação (FE), cujos objetivos foram apresentar as ações dos últimos quatro anos e imaginar o porvir. O Edital n° 61/2013, que financiou a última edição do Programa, se encerra no dia 28/2 e o temor geral é que a ação não tenha continuidade.

O Pibid tem como meta central formar professores para atuar na escola pública brasileira. Para tanto, desde 2008 subsidia instituições de ensino que promovem a articulação das licenciaturas com a rede básica. Em Goiás, 44 subprojetos envolvendo mais de 60 unidades e milhares de bolsistas estão vinculados à UFG, que orienta trabalhos nas Regionais Goiânia, Goiás, Jataí e Catalão, nos cursos de Educação Física, Dança, Artes, Química, Matemática, Geografia, História, Psicologia, Pedagogia, Filosofia, Biologia, Física, Letras, Letras/Libras, entre outros.

plateia II confop

Professores e estudantes da UFG e da rede básica de ensino participaram da II Confop

O Ministério da Educação (MEC) vem cogitando “reformular” e/ou “modernizar” o Programa e muitos especialistas temem que esse seja um momento de esvaziamento da iniciativa. “Não podemos ser tímidos em nossa resistência”, afirmou Hélder Eterno da Silveira, professor da Licenciatura em Química e pró-reitor de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Convidado a ministrar a palestra inaugural da II Confop, Hélder fez uma análise da conjuntura política atual e seus reflexos para a formação docente.

Qualidades

Hélder da Silveira, que entre 2011 e 2015 atuou como coordenador geral de Programas de Valorização do Magistério na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ressaltou o fato de o Pibid funcionar de modo integrado e processual, o que faz com que seus eixos tenham um tronco comum baseado na formação humana. “O Pibid tem funcionado porque provocou e provoca algo que em outro momento não era possível: o diálogo entre as licenciaturas”, comentou. A ideia do Programa é pensar ações que não somente formem o futuro professor, mas que saibam lidar com o saber e o fazer do cotidiano escolar. Segundo o palestrante, isso pode gerar em médio e longo prazo “uma nova cultura educacional”.

hélder da silveira

Para Hélder da Silveira, da UFU, não há justificativas para o fim do Programa

O professor sublinhou que o Pibid vem sendo bem avaliado por educadores de várias partes do mundo: “nomes como António Nóvoa, da Universidade Nova de Lisboa, Maurice Tardif, da Universidade de Montreal, e Lee Shulman, da Universidade de Stanford, vêm considerando esse um dos maiores programas de formação continuada da América Latina”. Além disso, ele apresentou em breves linhas uma pesquisa feita por 27 pesquisadores no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que traz os seguintes dados: 64% das pessoas oriundas do Pibid estão atuando na área de educação e, dessas, 88% estão em sala de aula. Ou seja, a meta de fortalecer a escola pública foi cumprida.

crianças pibid

Formação humana e articulada a múltiplos saberes é conquista de quem integra o Pibid. Na imagem, crianças do Ensino Fundamental aguardam momento de apresentação artística

Retrocesso

O MEC vem paulatinamente propondo às instituições envolvidas com o Pibid que repensem suas ações. Por isso, vem falando em uma “residência pedagógica” de um ano que, ao invés de um edital de projetos de quatro anos, direcionaria seus esforços para o estágio obrigatório nas escolas. Isso, para Hélder da Silveira, soa como um risco de retrocesso. “Não há elementos que justifiquem o término do Pibid, a não ser algo decisivo: o elemento político. O Programa não está sendo visto como política de Estado e sim como uma política de governo, o que é uma pena”, comentou.

 

 

Também participaram da II Confop a diretora da FE, Lueli Nogueira, a ex-coordenadora institucional do PIBID/UFG, Jaqueline Araújo Civardi, a atual coordenadora, Janice Lopes, ambas do Instituto de Matemática e Estatística (IME), o superintendente de Ensino Fundamental da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), Luciano Lima, o pró-reitor adjunto de Graduação, Israel Trindade, e a vice-reitora da UFG, Sandramara Matias Chaves. 

Na abertura do evento, o pró-reitor adjunto disse que a Prograd “não irá abrir mão do Pibid” e a atual coordenadora do Programa na UFG se emocionou. "Tudo o que conquistamos foi com muita luta e agora não será diferente", disse Janice.

Ao cumprimentar os participantes da Conferência, a vice-reitora aproveitou para convocar toda a comunidade universitária para lutar em defesa da educação pública. “Não devemos perder a capacidade de lutar pela universidade pública. O discurso de privatização está cada vez mais frequente no cenário nacional, na mídia nacional, mas os números reais mostram que fazemos a diferença. A sociedade precisa reconhecer nosso papel”, discursou Sandramara. A programação seguiu ao longo da tarde, com a partilha de experiências entre os integrantes do Pibid.

mesa II confop

Mesa de abertura da II Conferência de Formação de Professores

apresentação cultural II confop

Proximidade da escola com a universidade garante várias formas de expressão, entre elas, a dança. A apresentação ocorreu na abertura da II Confop

Fonte: Ascom/UFG

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