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Abertura da exposição "Sementes Sertanejas"

Evento

: Galeria da Faculdade de Artes Visuais da UFG, Câmpus Samambaia

: 02 de Junho 2023 às 19:00

Nesta sexta-feira, 2 de junho, às 19 horas, a Galeria da Faculdade de Artes Visuais da UFG abre a exposição “Sementes Sertanejas”, que reúne quinze artistas residentes, estagiárias e colaboradores do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. Neste espaço de pertencimento é que tais artistas, de diferentes estados brasileiros e também de Honduras, compartilham o cotidiano e os vínculos, nos quais se cultivam novas narrativas e poéticas.

Deste modo, “Sementes Sertanejas” apresenta obras, estudos e processos de criação que imaginam outros mundos possíveis, pintam identidades apagadas, falam sobre corpos violentados, pensam a história a partir do cotidiano e da ancestralidade de matriz africana, questionam a hegemonia cisheterossexual, costuram o feminino e os sonhos, propõem outras masculinidades, falam das potências políticas dos afetos e das relações sociais.

“Essa exposição evidencia o interesse da Galeria da FAV em estabelecer parcerias e trocas com artistas da cidade e com a produção local, visto que se trata de um espaço de extensão que abre as portas para a comunidade” ressalta o professor Glayson Arcanjo, coordenador da Galeria da FAV/UFG. Ele acrescenta ainda que, “a participação desse grupo de artistas do Sertão Negro, um espaço independente, significa a oportunidade de, trazer para o ambiente universitário a possibilidade de refletir sobre processos de criação, de pensar novas formas de fazer arte em Goiânia".

Sertão Negro 

Idealizado pelo artista visual Dalton Paula (egresso do curso de Artes Visuais da UFG), o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes foi criado em 2021 e em 2022 iniciou efetivamente suas atividades, que incluem residências artísticas, aulas de capoeira, cerâmica, gravura e sessões do Cineclube Maria Grampinho, além de eventos que destacam a cultura e a tradição afro-brasileira. Localizado no Setor Shangry-la, na região norte de Goiânia, esse ateliê e escola constitui-se em uma ação artística no contexto da arte contemporânea brasileira.

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Òkun, Olho d'água, Técnica mista sobre tela, 90 x 60 cm, 2021

Artistas participantes

Abraão Veloso (@abraiawn): Nascido em Ipatinga/MG e bacharel em Artes Visuais pela  Escola de Belas Artes da UFMG, Abraão Veloso é um artista interessado no cotidiano, no afeto, na representação de corpos negros e na criação de relações composicionais com linhas, por meio das quais propõe relações entre essas figuras, fios e ambientes afetuosamente pastéis. Atualmente ele vive e trabalha em Goiânia; é assistente de arte no Sertão Negro. 

Augusto Cesar (@aug.cezzar): Augusto Cesar é natural de Barra do Garças/MT, vive e trabalha em Goiânia. Mestrando em Educação, Arte e Cultura Visual (FAV/UFG); é gravador e pesquisador do campo da cultura visual e da gravura no Ateliê Livre de Gravura (coletivo goiano). Em sua produção, o artista explora os processos de gravação, a produção de livros e zines, assim como entremeios das técnicas tradicionais e pesquisas em meios alternativos de gravação e impressão.

Eve CruvinelPor meio do desenho e da pintura, a artista desenvolve investigações acerca da solidão da mulher negra. Com o uso de elementos e cenários surreais, ela compõe narrativas visuais fantásticas que abordam a inter-relação entre a escassez afetiva e o racismo estrutural. Eve Cruvinel é artista visual, ilustradora e figurinista. Nascida em Goiânia (GO), cursa Artes Visuais (Bacharelado) na Universidade Federal de Goiás (UFG) e faz estágio no Sertão Negro.

Gabriela Chaves (@agabrielachaves): A artista tem investigado a relação entre a costura e o corpo feminino, reflete sobre as violências que incidem sobre esse corpos e o lugar da  mulher na trama social, política e íntima. Por meio da fotoperformance, desenhos e objetos do próprio corpo, ela confronta o silêncio e a rigidez, criando fissuras e suturas nesse disciplinamento social e psíquico. Gabriela Chaves é graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

Genor Sales (@genooor): O artista está desenvolvendo a pesquisa “Peixe fora d’água”, na qual utiliza as técnicas de aquarela e xilogravura; além de trabalhos que nadam pela cerâmica e costura com escamas de peixe, abordando questões alimentares, sociais e raciais através da subjetividade de um animal que nada na terra. Natural de Goiânia, Genor Sales é graduando em Artes Visuais - Licenciatura pela UFG, é pesquisador musical e atua como DJ na cena cultural goianiense desde 2018.  

Jhony Aguiar (@jhonyagu1ar): Natural de Marabá (PA), Jhony Aguiar vive e trabalha em Goiânia há 22 anos; é bacharel em Artes Visuais pela UFG e investiga práticas em vídeo, fotografia e performance como processo de experimentação e emancipação do corpo, enquanto homem negro e gay. Na instalação “Aterramento”, o artista utiliza terra e elementos sonoros para abordar as relações de afeto e intimidade.

lía vallejo (@lialamalia): Sapatrans não binarie nascido em honduras migrante em Goiânia. lía vallejo é artista visual, performer, designer gráfico e  mestrande  em Comunicação (UFG). Cofundador e integrante de @lamaricada.colectiva e artista residente de Sertão Negro. Sua obra apresenta uma perspectiva decolonial e TRANScestral como parte de um processo de cura pessoal a partir de suas lembranças de infância como um menino curioso trans não binário.

Lucélia Maciel (@lucelia___maciel): A artista ancora sua pesquisa e poética artística em memórias de infância, vividas no interior da Bahia, na região da Chapada Diamantina. Usando a lamparina como metáfora, ela aborda as desigualdades étnicas, sociais e de gênero. Bacharela em Artes Visuais pela FAV/UFG, Lucélia Maciel é assistente de arte no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. 

Manuela Costa Silva (@_manuelacostasilva): A artista desenvolve sua produção por meio da percepção das imagens emanadas pelas águas profundas do inconsciente. A partir do espelhamento da natureza interior e exterior, a artista desenvolve sua poética, que articula vida e morte, sonho e realidade, veneno e cura, sagrado e profano, desejo e magia. Manuela Costa Silva (Goiânia, 1993) é bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (2018).

Matheus de Souza (@desouzaoriginal): Nascido em São Paulo (SP), o artista visual Matheus de Souza é graduando em Pintura (UFRJ), com mobilidade acadêmica em Artes Visuais (UFG) e também estuda na Escola de Artes do Parque Lage. Atualmente desenvolve pesquisa pictórica centrada no debate afro-surrealista acerca da contemporaneidade e suas relações midiáticas. A partir da Pop Art e de símbolos nacionais questiona valores imagéticos, como luxo, ganância, revolução e religião.

Òkun (@0kun_): Òkun é uma artista visual autônoma de Goiânia. Graduanda em Artes Visuais pela UFG, é artista residente no Ateliê e Escola de Artes Sertão Negro e integrante do coletivo Nacional TROVOA. Seus trabalhos se encontram na pintura, ilustração e colagem digital; transitando por temáticas como memória, espiritualidade e pertencimento, a artista pratica e pesquisa o termo “Pintura de Encruzilhadas”, sob um olhar afro-diaspórico de terreiro de Umbanda e Kimbanda de Lei.

Rafael Vaz (@rafaaelvaz): Altamirense de nascença, Rafael Vaz mora há 12 anos em Goiânia, onde começou suas experimentações artísticas com poesia, lambes, performance, pintura e outras linguagens da arte contemporânea; participou de saraus e publicou zines independentes. Também aqui se reconheceu artista e em 2017, ingressou no curso de Artes Visuais da UFG.

Tor Teixeira (@tor.teixeirarte): Trabalhando entre a pintura sobre diferentes suportes, como escultura, tatuagem e docência em artes, Tor Teixeira questiona o atual modelo de masculinidade e a partir de símbolos visuais imagina um renascer das ruínas, em consonância com o pensamento decolonial e em simbiose com a biodiversidade. O artista vive entre a Cidade de Goiás e Goiânia, onde é assistente e residente no Sertão Negro; é graduado em Artes Visuais - Licenciatura (IFG-Cidade de Goiás, 2022) e em Design de Moda (UFG, 2015).  

William Maia (@owilliammaia): William Maia é um artista nascido no Rio de Janeiro em 1997, cujo trabalho é profundamente influenciado pela cultura negra, combinando elementos do catolicismo popular, da umbanda e do candomblé para criar um universo estético único em suas pinturas de diversos formatos e suportes. Graduado em Pintura pela UFRJ,  William também explora outras mídias, como desenho, escultura, instalação, objetos e audiovisual.

Xica (@xica.artes): Gravadeira de poéticas astrais e ancestrais, a artista é mestranda em Arte e Cultura Visual pela FAV-UFG, onde também tornou-se bacharela em Artes Visuais. Sua pesquisa é intimamente ligada a sua vivência na Umbanda e Santo Daime. A partir da etimologia da palavra latina “matriz”, que significa mulher, fêmea grávida, Xica compreende as matrizes de gravura como fêmeas prenhas, produtoras de vida para as mensagens gravadas nas pedras, na madeira e nos metais.