
Exposição aborda espiritualidade de matriz africana em Minas Gerais
Evento
: Centro Cultural UFG
: Nacional
: 06 Fevereiro 2018 a 16 Março 2018
O Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) abre na terça-feira (6/2), às 19h30, a exposição Na Angola tem: Memórias e Cantos do Moçambique do Tonho Pretinho, que reúne fotografias de Marcelo Feijó. Na ocasião, haverá também a estreia do documentário Na Angola tem, de Talita Viana e Sebastião Rios e o lançamento do livro (com CD e DVD) Na Angola tem: Moçambique do Tonho Pretinho, da autoria de Talita Viana e Sebastião Rios com fotografias de Marcelo Feijó e Diana Landim.
O trabalho multimídia mostra a atuação do Moçambique do Tonho Pretinho no Congado. A festa religiosa acontece em Itapecerica, Minas Gerais, e celebra os antepassados, as forças da natureza, divindades afro-brasileiras e santos católicos de devoção negra. A mostra seguirá em cartaz na Galeria do CCUFG até dia 16/3.
Assinada por pesquisadores da UFG e da Universidade de Brasília (UnB) que integram o Grupo de Pesquisa “Música, Sociedade e Performances”, a iniciativa também é fruto de ação realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em parceria com a UFG no projeto “Salvaguarda do patrimônio cultural imaterial relacionado à música, canto e dança de comunidades afrodescendentes na América Latina”, coordenado pelo Crespial/Unesco.
O Projeto
As várias ações do projeto Memórias e cantos do Moçambique do Tonho Pretinho convergem para seu principal eixo, que é a salvaguarda e divulgação das concepções religiosas e das práticas culturais próprias dos descendentes de africanos na América, mostrando a tradição das danças, dos ritmos, das concepções religiosas e dos sentidos dos cantos presentes no Congado; sentido que, embora ligado à memória ancestral, se atualiza em cada edição da festa.
Nas cerimônias de coroação de reis congos nas festas de Nossa Senhora do Rosário, os tambores e as danças invocam de um modo africano os santos católicos e conferem a seu culto desdobramentos e significações novas nesta manifestação híbrida do catolicismo negro de raiz banta no Brasil. Na festa, os principais santos homenageados são Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora das Mercês. Os santos têm sua corte composta por rei e rainha congos, perpétuos, e rei e rainha eletivos, tradicionalmente de promessa. Os ternos − moçambique, catopé, vilão, congo, marinheiro etc − “trabalham” para os santos, tocando, cantando e dançando na rua e nas casas. Durante sua evolução, o capitão canta os versos e os demais componentes respondem em coro. Os capitães vão tirando os versos para as várias funções − visita aos festeiros, busca dos mordomos para o levantamento dos mastros, acompanhamento de reis e rainhas, cortejo da princesa Isabel, que também passa a ser homenageada em algumas localidades nas comemorações da abolição.
Por ser a guarda preferida de Nossa Senhora do Rosário − aquela que retirou Nossa Senhora do mar, num episódio fundador que caracteriza a identificação da santa com a humildade e o sofrimento dos escravos −, o Moçambique é o principal responsável pela preservação dos mistérios e da sacralidade da festa. Por isso, tem primazia nos cortejos.
Folia de Reis
Na oportunidade da abertura da exposição, será apresentado ainda o livro (com CDs) Toadas de Santos Reis em Inhumas, Goiás: tradição, circulação e criação individual, da autoria de Sebastião Rios e Talita Viana e fotografias de Rogério Neves, que apresenta 40 toadas de Santos Reis e traz uma discussão sobre a criação individual em manifestações coletivas tradicionais e difusas e suas implicações para o direito autoral. O livro e CDs foram realizados pela UFG com o apoio do Programa de Extensão Universitária do MEC/SESu e do IPHAN/MinC e ainda do Fundo de Arte e Cultura da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte do Estado de Goiás.
Serviço:
Exposição Na Angola tem: Memórias e Cantos do Moçambique do Tonho Pretinho.
Local: Galeria do Centro Cultural UFG - Avenida Universitária, n° 1553, Setor Leste Universitário.
Data: De 6/2 a 16/3.
Abertura: 19h30.
Visitação: Gratuita. De segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e de 14h às 18h.
Ficha Técnica:
Exposição Na Angola tem: Memórias e Cantos do Moçambique do Tonho Pretinho
Fotografias: Marcelo Feijó, com fotos adicionais de Diana Landim e Rafael Sávio
Curadoria e projeto expográfico: Carlos Ferreira
Documentário Na Angola tem
Direção: Talita Viana e Sebastião Rios
Direção de fotografia e montagem: Diana Landim
Contatos: sebastiaorios@gmail.com; talitaviana@gmail.com; mfeijo@unb.br