Exposição retrata espaços de criação de grandes nomes da arte

Exposição retrata espaços de criação de grandes nomes da arte

Evento

: Centro Cultural UFG

: 21 de Novembro 2017 a 26 de Janeiro 2018

Está em cartaz no Centro Cultural UFG até 26/1 a mostra Na escuridão do ateliê nasce a luz, assinada pelo artista Luiz Mauro e com curadoria de Divino Sobral. Os trabalhos fazem parte da série Ateliê, apresentada pela primeira vez na Maison Européenne de la Photographie (MEP), em Paris, no ano de 2015, sob o título Des peintures comme des photographies. A exposição em Goiânia conta com algumas das obras lá exibidas e outras inéditas. Ao todo são 18 obras, que retratam os ambientes de criação de artistas brasileiros, como Rubem Valentim e Lygia Clark e artistas de diversos outros países, como Claude Monet, Auguste Renoir, Anish Kapoor, Ad Reinhardt, Roy Lichtenstein, Benjamin Johnston, Georgia O’Keeffe, entre outros. 

O artista, que começou a pintar no início da década de 80 na cidade de Inhumas, sempre abordou em sua produção a história da arte, a memória, a subjetividade e espaços arquitetônicos. E são estes os elementos presentes nesses desenhos que têm o papel como suporte e recebem várias camadas de nanquim, sendo finalizados com a tinta a óleo. “Trabalhei muito tempo somente com o nanquim, mas só fui conseguir obter o resultado que buscava quando o associei à tinta a óleo, que trouxe mais força e densidade à pintura. Considero a obra que venho produzindo ultimamente como a mais elaborada que já realizei, envolvendo várias etapas”, comenta Luiz Mauro.

Essa obra, que só começou a ser feita no ano de 2012, já era projeto do artista no ano de 1997, quando teve em mãos uma imagem do ateliê de esculturas do artista alemão Georg Baselitz, mas só em 2012 ele iniciou a série com o Ateliê Claude Monet. As fotografias para os primeiros trabalhos foram pesquisadas em livros, revistas de arte e na internet. Ultimamente, o artista começou a produzir obras de ateliês de brasileiros e passou a solicitar as fotografias aos próprios artistas ou, como no caso do artista baiano Rubem Valentim, falecido em 1991, a amigos de Rubem.   

Uma das principais abordagens do trabalho é a transposição de imagens documentais para o universo da pintura e do desenho.

exposição

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Fotos: Paulo Rezende

O curador da mostra, Divino Sobral, observa que, na escolha das fotografias, um dos critérios de Luiz Mauro é o alto contraste e as manifestações plásticas da luz entre o preto e o branco: “É justamente a representação da luz que interessa a Luiz Mauro ao realizar a transposição das imagens fotográficas para outro suporte, com outros meios e com uma linguagem sem lugar, que transita entre desenho e pintura.” Sobral diz ainda que, ao utilizar uma imagem de segunda geração fundada na fotografia, o resultado se revela, ao fim, em nada fotográfico. “São visíveis todos os embates com os meios bem como os procedimentos empregados para a constituição das obras. Seu objetivo não é reproduzir literalmente a fotografia e sim utilizá-la como matriz para a construção de uma obra que parte do registro documental para atingir o estado poético repleto de melancolia, e que exibe em si mesma seu modo de fatura cambiante entre desenho e pintura e sua existência autônoma da fotografia”, teoriza.

Sobral considera ainda que há uma teatralidade nas obras da série Ateliê, característica que, de acordo com ele, “é obtida pela perspectiva dos enquadramentos, pelo ritmo das linhas que definem os espaços, pelas bordas escurecidas dos planos, pela oposição marcada entre a escuridão e a luz que confere certa propriedade barroca às obras – propriedade esta que não se encontra nas matrizes fotográficas.”

Na seleção das imagens, Luiz Mauro diz que um dos pontos mais importantes é a força do espaço, mas que também procura produzir obras de ateliês de artistas que admira, buscando apresentar um novo olhar, mais íntimo e mais misterioso desses espaços de criação.