Inclusão social é destaque em comemoração ao dia do bibliotecário

Texto: Carolina Melo

Fotos: Ana Fortunato

A inclusão social como prática profissional transformadora foi uma preocupação que norteou as comemorações do Dia do Bibliotecário em evento realizado, nesta sexta-feira (10/3), pela UFG em parceria com outras sete entidades. O evento promoveu o lançamento da "Bibliolibras", espaço virtual de livros audiovisuais para surdos, e a palestra sobre Biblioteconomia Social.

Durante o lançamento da "Bibliolibras", a idealizadora do projeto, professora da Faculdade de Letras, Sueli Maria de Oliveira Regino, contou que a iniciativa surgiu da necessidade de contribuir com a formação das crianças e jovens surdos. “Normalmente eles não tem acesso às narrativas orais, comuns às crianças ouvintes. Não conhecem, inclusive, as histórias familiares. Ficam à parte desse universo informativo e isso acaba refletindo em sua formação”. Segundo a professora, muitos têm dificuldades, quando jovens, de entender as narrativas em sua totalidade. “Daí a importância de se estimular a leitura e o contato com narrativas desde a infância”, lembrou.

Evento foi promovido em parceria com outras entidades  

A biblioteca virtual bilíngue de literatura infantil e juvenil disponibiliza 12 histórias e contos dos Irmãos Grimm e pretende ampliar o acervo de livros audiovisuais com contos da cultura oral. “O site ficou 15 dias em teste e foi tempo suficiente para recebermos o retorno de professores de todas as partes do País que pretendem utilizar o material disponível em salas de aula”, comemorou professora Sueli Regino. “Temos exemplos de que a integração entre surdos e ouvintes pode ocorrer também pelo caminho contrário, com a valorização da língua dos surdos em sala de aula”. As narrativas audiovisuais são acessíveis para alunos surdos e ouvintes.

Segundo a diretora do Sistema de Bibliotecas (Sibi) da UFG, Maria Silvério da Silva, a inclusão em toda a sua perspectiva é um importante debate para profissionais de todas as áreas e especialmente alunos do curso de Biblioteconomia. “Entendemos que bons formandos serão bons profissionais”, afirma ela, que durante o evento recebeu do Conselho Regional de Biblioteconomia a medalha de honra ao mérito Bibliotecário Rubens Borba de Morais.

Democratização do espaço da leitura

A Biblioteconomia Social, que tem como perspectiva levar a informação a quem não tem acesso, foi o tema da palestra ministrada por Raphael da Silva Cavalcante, bibliotecário da Câmara dos Deputados. Segundo o palestrante, a interação entre a técnica e o social é um potencial para a democratização do acesso à leitura. “É necessário pensar as adaptações fundamentais para atingir perfis de usuários diferentes. A ideia é utilizar as técnicas para melhor atender um publico diversificado, inclusive os que têm um grau de instrução menor”, afirmou.

Bibliotecário da Câmara dos Deputados ministrou palestra

Segundo ele, espaços de leitura mais humanizados e engajados politicamente, voltados verdadeiramente para os usuários também são preocupações dessa vertente profissional. “Temos que estar incluídos de fato na prática social para sermos agentes efetivos de transformação”, afirmou Raphael da Silva, que lembou ainda que o interesse por essa perspectiva surgiu em um momento de debates sobre o País, sobre o empoderamento negro, de mulheres negras, do movimento LGBT. “Os debates foram uma inspiração para me interessar pela Biblioteconomia Social”.

Promovido pela Associação dos Bibliotecários de Goiás (ABC), as comemorações do Dia do Bibliotecário foram realizadas também pelo Instituto Federal de Goiás, Instituto Federal Goiano, Universidade Estadual de Goiás, Procuradoria Geral do Estado de Goiás (PGE), do Sesi Senai, Serviço Social do Comércio (Sesc) e Instituo de Pós-Graduação e Graduação (IPOG).