UFG comemora 10 anos do curso de Educação Intercultural

Texto: Luiz Felipe Fernandes

Fotos: Carlos Siqueira

Os dez anos do curso de Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás (UFG) foram comemorados durante todo o sábado (23/7), na Faculdade de Letras, no Câmpus Samambaia. Atuais e ex-gestores, professores e acadêmicos indígenas tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências com o curso e relatar de que forma suas vidas e suas carreiras foram transformadas.

Na abertura das comemorações, durante a manhã, grupos de diferentes etnias fizeram apresentações culturais. Saudando os presentes, o representante do povo xerente, Adalto Pereira Xerente, falou da satisfação de todos os acadêmicos do curso e agradeceu aos professores e aos anciãos. "O curso de Educação Intercultural foi uma conquista para todos nós indígenas, para que soubéssemos lidar com dois mundos ou mais".

O coordenador do curso, Carlos Bianchi, apresentou alguns números que demonstram como a formação superior de professores indígenas na UFG cresceu desde 2007, quando foi implantada. Naquele ano eram apenas sete etnias participantes. Hoje, entre os 249 acadêmicos, há representantes de 21 povos de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. "Não há dúvidas do tamanho que nosso curso tomou nesses primeiros dez anos. Um curso reconhecido nacionalmente e muito visado pelos povos indígenas, o que sempre foi motivo de orgulho para todos nós".

O reitor Orlando Amaral, que era pró-reitor de Administração e Finanças à época da implantação, destacou o pioneirismo da proposta e o empenho dos profissionais que estiveram à frente de sua criação. "Foi um esforço muito grande fornecer as condições para que esse curso pudesse acontecer, e hoje podemos nos emocionar com o que vimos e ouvimos aqui. A Universidade é muito maior, muito melhor e muito mais brasileira com vocês aqui", ressaltou.

Implantação e consolidação
Coube ao ex-reitor da UFG, Edward Madureira, fazer um resgate dos fatos que permitiram que o curso de Educação Intercultural fosse implantado. Ele contou que a proposta lhe foi apresentada no fim de 2005, quando foi eleito reitor, e que em 2007 a formação superior de professores indígenas tornou-se realidade, auxiliada com o aporte de recursos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). "É motivo de grande emoção que o curso esteja consolidado e vemos que valeu demais o nosso esforço", concluiu.

Emocionadas, as professoras Maria do Socorro Pimentel da Silva e Mônica Veloso Borges apresentaram suas percepções pessoais do poder transformador do curso. Maria do Socorro lembrou que a Educação Intercultural surgiu para atender as demandas dos povos indígenas e para incluir os sabores indígenas na Universidade. Mônica enfatizou que um dos diferenciais é a vivência proporcionada pelo curso, já que os professores também passam um período imersos nas comunidades.

Na parte da tarde foi a vez dos egressos do curso de Educação Intercultural relatarem suas experiências e o impacto dessa formação em suas comunidades. Uma exposição fotográfica no primeiro andar da Faculdade de Letras também mostrou os registros feitos ao longo desses dez anos.

Valorização cultural
O curso de Educação Intercultural é oferecido pela UFG desde 2007 e já formou 162 professores indígenas nas habilitações Ciências das Natureza, Ciências da Cultura e Ciências da Linguagem. São dois anos de formação básica e três de formação específica, a partir de um currículo fundamentado em uma política de valorização cultural e na articulação entre teoria e prática. Os professores indígenas são habilitados para o ensino monolíngue ou bilíngue e também são capazes de assessorar suas comunidades e lidar com os conhecimentos de forma plural.

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