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Seminário aborda discurso preconceituoso da mídia

Em 09/12/15 09:58.

Tema foi discutido na abertura dos seminários da Faculdade de Comunicação e Informação

Texto: Luiz Felipe Fernandes
Fotos: Adriana Silva
 
Mesmo com a atuação de órgãos estatais e do terceiro setor para coibir abusos cometidos por veículos de comunicação, o discurso preconceituoso e depreciativo não desapareceu de jornais, rádios, TVs e internet. Citando exemplos atuais de violação dos direitos humanos pela mídia, a pesquisadora Cicilia Peruzzo, professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, classificou o cenário atual como preocupante.
 
A conferência da pesquisadora abriu o IX Seminário de Mídia e Cidadania e o VII Seminário de Mídia e Cultura da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da UFG, nesta terça-feira (8/12). Com base na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, da Unesco, Cicilia destacou a importância de garantir a interação harmoniosa entre pessoas e grupos com identidades plurais e dinâmicas, papel que deve ser desempenhado também pela mídia.
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Vice-reitor Manoel Rodrigues Chaves (centro) e professores Claudomilson Braga, Magno Medeiros, Ana Carolina Temer e Simone Tuzzo compuseram a mesa de abertura dos seminários
 
De acordo com a professora, entre os modelos atuais de violação dos direitos humanos nos meios de comunicação estão os programas policialescos. Pesquisa da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) revela a persistência do desrespeito a direitos para os quais existe legislação em vigor, sobretudo em relação à incitação ao crime e à violência e ao preconceito contra negros, índios, população LGBT, mulheres e à liberdade religiosa. "Esse discurso está também em toda a programação: em programas de humor, telenovelas, seriados, programas esportivos e na publicidade", acrescentou Cicilia.
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Professora Cicilia Peruzzo, da Universidade Metodista de São Paulo, falou sobre persistência da violação dos direitos humanos na mídia
 
Dever cívico
Entendida como uma obrigação dos indivíduos, a cidadania também deve ser vista como um dever cívico. "Por trás da mídia há sempre pessoas, profissionais que têm ou deveriam ter responsabilidade com a cultura para a qual deveriam contribuir". Neste sentido, a professora considerou que é preciso repensar até mesmo a formação dos comunicadores, voltada mais para o espírito cívico que para os interesses mercadológicos.
 
O desafio, segundo Cicilia, é reconhecer a comunicação como um direito fundamental específico. Dessa forma seriam exigidos o respeito ao uso do meio de comunicação como um bem público e o acesso das pessoas como protagonistas do direito de comunicar.
 
Leitura crítica
Depois da conferência de abertura, professores integrantes do Projeto Casadinho UFG/UFRJ mediaram a mesa com o tema Rupturas Metodológicas para uma Leitura Crítica da Mídia. O convidado foi o professor e pesquisador da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mohammed ElHajji, que estuda os fenômenos diaspóricos e migratórios transnacionais.
 
O primeiro dia dos seminários terminou com o lançamento do livro Agenda Latino-Americana Mundial 2016 e da coletânea do projeto Casadinho intitulada Diásporas Urbanas e Subjetividades Móveis: Migrantes, Viajantes e Transeuntes, organizada pela professora da UFG, Ana Carolina Temer, e pelos professores da UFRJ, Muniz Sodré e Mohammed ElHajji.

Fonte: Ascom UFG

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