Pesquisa sobre ações afirmativas é apresentada na Regional Goiânia

Texto: Anna Carolina Mendes
Fotos: Carlos Siqueira

Com o tema Ações Afirmativas no Ensino Superior Brasileiro: identidades políticas e o discurso do Estado sobre a diferença racial, o professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Waldemir Rosa, ministrou palestra na última segunda-feira (3/8), na Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Câmpus Samambaia. O professor apresentou uma análise comparativa de políticas reparadoras para os afro-descendentes desenvolvidas em três países da América do Sul: Brasil, Colômbia e Uruguai. A análise faz parte de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo professor na Unila, previsto para ser finalizado em 2021.

Waldemir Rosa traçou um histórico do Brasil, a partir da constituição de políticas reparatórias, ou de ações afirmativas, pelo governo brasileiro. Para o professor, o momento chave para a observação de tais políticas é o ano de 2003: "Neste ano, a aliança de centro-esquerda assumiu o poder na política do Brasil e o Estado passou a incorporar nos textos oficiais a linguagem da reparação na elaboração de políticas públicas. A questão da diversidade e da diferença racial, o que chamo de retórica da raça, passou a ser incorporada na construção dessas políticas”. Em seguida, Rosa apresentou marcos desta retórica nos textos oficiais.

 Waldemir Rosa relembrou o momento histórico em que o Brasil começou a refletir sobre ações afirmativas

Segundo Waldemir Rosa, é importante a compreensão de que a luta dos povos afro-latino-americanos pela garantia de direitos e reconhecimento se confunde com a própria história do colonialismo e, por isso, tais demandas por políticas reparatórias não são novas. “O que se torna uma novidade não é a reivindicação desses grupos, mas a forma como os Estados Nacionais, em contexto latino-americano, se inserem nessa dinâmica”, expôs o professor.

Para ele, a adoção de políticas de ações afirmativas dentro das instituições de ensino superior públicas é extremamente necessária. "A política reparadora ajuda o Brasil a enfrentar o racismo institucional nas universidades. É necessário pensar sobre as ações afirmativas tendo em vista um plano específico de apoio e manutenção dos negros nesta instância", defendeu.

Segundo o pesquisador, é preciso que as universidades desenvolvam ações para apoiar e manter os negros no ensino superior público