Servidores participam de palestra

Unidades acadêmicas orientam servidores sobre febre maculosa

Em 25/03/15 20:09.

Médicos veterinários das Secretarias municipal e estadual de Saúde explicaram ciclo da doença e medidas de prevenção

Texto: Camila Godoy

Fotos: Carlos Siqueira

A febre maculosa é uma infecção rara em Goiás, com um histórico de apenas quatro casos confirmados no Estado. Ainda assim, a população goiana precisa ser informada sobre a doença para que haja prevenção. Em busca desse objetivo, a Escola de Agronomia (EA) e a Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da UFG convidaram membros das Secretarias municipal e estadual de Saúde para orientarem os servidores da Universidade sobre o ciclo da infecção e as principais medidas de prevenção. O evento aconteceu no auditório da EA, nesta quarta-feira, 25/03.

 

Servidores participam de palestra

Palestra orienta servidores da UFG sobre febre maculosa

 

A médica veterinária e servidora da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, Sonaide Faria Ferreira Marques, ministrou uma palestra para desmistificar a febre maculosa: “Com sintomas muito parecidos com os da dengue e com pouquíssimos casos no Estado, muitas vezes os médicos não sabem que em Goiás existe essa infecção. Assim, precisamos nos informar para prevenirmos o contágio e detectarmos os sintomas da doença, auxiliando o diagnóstico e o tratamento”.

Sonaide Faria Ferreira Marques explicou que a febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida ao homem, principalmente, pela picada do carrapato-estrela, caso ele esteja infectado com a bactéria. “Pulgas e piolhos também podem transmitir a doença, no entanto, o mais comum é que seja por essa espécie de carrapato, que costuma se alojar em cavalos, capivaras, ratos, sapos, tartarugas, morcegos e aves”, explicou.

 

Palestra sobre febre maculosa

A médica veterinária Sonaide Faria Ferreira Marques explicou como a doença se desenvolve

Infecção

Para infectar o homem, algum carrapato contaminado pela bactéria causadora da doença precisa picar e permanecer aderido ao corpo humano por um período mínimo de quatro a seis horas. Sonaide Marques explicou que depois da contaminação a doença fica incubada no corpo humano entre dois e 14 dias. De acordo com ela, após esse período, é comum que pessoa infectada apresente febre, dor de cabeça, dor muscular intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos, erupções cutâneas, manchas escuras, hemorragias e, em casos mais graves, aumento do baço e do fígado, necroses nas pontas dos dedos, convulsões, coma profundo e até a morte.

Prevenção

O veterinário do Departamento de Vigilância e Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Bruno Sérgio Alves Silva, também participou do evento. Ele orientou os servidores quanto as principais formas de prevenção. “Precisamos evitar áreas que tenham carrapato, mas se não tiver jeito, é necessário inspecionarmos nosso corpo a cada três horas e assim, caso seja verificada a presença do transmissor, devemos fazer a retirada de forma cuidadosa, utilizando uma pinça e realizando movimentos giratórios”, disse.

Para orientar os servidores da Universidade, um representante do Laboratório Central (Lacen) de Goiás, que realiza o diagnóstico sorológico e virológico de doenças de interesse público, fez uma demonstração de como utilizar equipamentos de proteção, como macacão repelente, galocha, capuz, boné e fita adesiva que veda a entrada da galocha, em áreas de risco de contaminação.

 

Prevenção da febre maculosa

Técnico do Lacen demonstrou como utilizar equipamentos de proteção em áreas contaminadas pelo carrapato-estrela

Tratamento

A boa notícia do encontro foi que, com o uso de medicamento adequado, principalmente nos primeiros cinco dias da doença, a febre maculosa tende a desaparecer entre 24 e 72 horas. Todos os palestrantes foram unânimes em dizer que, independente da confirmação laboratorial da infecção, a partir de qualquer suspeita da doença, o tratamento deve ser iniciado imediatamente.

Foi justamente por conhecer os sintomas da febre maculosa, que o professor da EA, Rommel Bernardes da Costa, conseguiu se recuperar da infecção. O professor contou que sempre teve contato com carrapatos, trabalhando em lavouras e plantações. No entanto, em novembro do ano passado, Rommel Bernardes da Costa esteve em um trabalho de campo, onde entrou em contato com carrapatos. Uma semana depois, ele começou a sentir fraquezas, dores nos rins e sua pressão arterial e o funcionamento do fígado foram alterados. Em seguida, sentiu febre e dores de cabeça e musculares.

O professor procurou ajuda médica, realizou exames, mas não foi diagnosticado com nenhuma doença específica. Prestes a ser internado, com suspeitas de dengue, febre Chikungunya ou malária, Rommel Bernardes da Costa se lembrou de uma reportagem televisiva sobre febre maculosa e alertou ao médico que esteve em contato com o “carrapato de capivara”, um dos nomes populares do carrapato-estrela. Ao saber disso, o médico começou o tratamento com antibióticos contra a bactéria Rickettsia, antes mesmo do resultado laboratorial do exame de sangue confirmar a doença. “Se eu não tivesse dado essa informação para o médico, eu teria morrido”, afirmou o professor.

Rommel Bernardes da Costa fez todo o tratamento indicado, com duração de cinco dias, e se recuperou da febre maculosa. Atualmente, ele está na presidência de uma frente de trabalho da UFG, que reúne diversos professores para realizarem pesquisas de controle químico, manejo dos animais e identificação dos carrapatos, com foco no Córrego Samambaia, que divide a EA e a EVZ.

 Professor Rommel da Costa

Professor Rommel Bernardes da Costa explica como conhecer os sintomas foi importante para se recuperar da doença

 

Prevenção na UFG

Essa frente de trabalho da UFG está coordenando os trabalhos de prevenção e controle do carrapato-estrela na Universidade. De acordo com o diretor da EA, Robson Maia, uma área foi identificada com a presença de carrapato infectado, mas esse local já foi isolado. Ele explicou que cercas de proteção estão limitando outras áreas para evitar a circulação de capivaras e regiões gramadas têm sido aparadas. Além disso, os servidores da UFG estão sendo orientados por informativos e palestras e receberão equipamentos de segurança. Eventos para orientar estudantes também estão sendo organizados. “Nosso principal instrumento para lidar com a febre maculosa é a informação”, afirmou o diretor.

 

Áreas cercadas

Cercas de proteção estão limitando áreas para evitar a circulação de capivaras

 

Campanha febre maculosa

 

Fonte: Ascom UFG

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