Goiânia Ouro começa o ano com mostra cultural promovida por estudantes da UFG

Texto: Luiza Mylena

Foto: Luiz da Luz

A ideia da mostra cultural “História do cinema e do povo de Goiás” surgiu no início da disciplina “Cinema, espectadores e ciberespaço”, Núcleo Livre, oferecido pela Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb), que reúne estudantes de Jornalismo e de outros cursos. A princípio, os estudantes deveriam assistir clássicos que mudaram o cinema mundial, entre eles Metropolis, de Fritz Lang. A mostra começou a ganhar forma quando o Centro Cultural Goiânia Ouro cedeu o cinema para a exibição dos filmes e o restante do espaço para as aulas. Foi então que os estudantes sugeriram a exibição de filmes goianos, entre curtas e longas metragens. Com a programação do cinema veio o questionamento da produção cinematográfica goiana e também das outras manifestações artísticas e culturais da cidade. Assim, a turma de outra disciplina, “Teoria da produção cultural", do curso de Biblioteconomia, passou a pensar também no formato da mostra. Dessa forma, artistas goianos de diversas áreas foram convidados para dar palestras sobre suas experiências pessoais e profissionais.

Danilo Boaventura, um dos organizadores do evento, disse que poder ver filmes e conversar com os cineastas que os produziram foi uma oportunidade única, talvez a parte mais interessante do evento. O estudante está produzindo material audiovisual que será utilizado como matéria para rádio, TV e para a internet. Ele conta que todo material estará disponível no blog do evento.

O coordenador do evento, professor César Viana, afirmou estar surpreso com as proporções que o evento tomou, já que os estudantes fizeram uma mostra cultural em 2 meses de aula. De acordo com o professor, com a mostra surgirão novos projetos: a turma de Jornalismo trabalhará com transmídias e o curso de Gestão da Informação participará pesquisando o público e o fluxo da informação gerado pelo Facebook e pelo blog do evento. Ainda não é possível dizer se haverá uma próxima edição, mas a turma demonstra intenção de continuar, considerando que esta é a única mostra cultural de verão em Goiânia.

Estudantes de Comunicação acompanham mostra artística no Goiânia Ouro, organizada por eles mesmos durante as aulas de Cinema e Produção Cultural

Cinema em Goiás - Na abertura do evento, Antônio da Mata, diretor do Goiânia Ouro, e Lisa França, cineasta goiana e professora aposentada da UFG, contaram sua experiência com o cinema. Falaram como esse invento vem afetando o modo de vida da sociedade desde seu início, com os irmão Lumière, e também se pronunciaram sobre a importância de eventos como o atual. Lisa lembrou como o cinema é marcante e cheio de leituras interpretativas. Contou ainda como foi a filmagem do seu filme Jesco, exibido na mostra.

Quando as perguntas foram abertas ao público, as dúvidas frequentes giraram em torno da questão: por que o cinema goiano não tem espaço na grande mídia e sequer adesão do público? Segundo Lisa, Goiás é um estado periférico: “no inicio do cinema, quando usávamos película não havia como revelarmos aqui em Goiânia, tínhamos que mandar para São Paulo e o transporte deste material era muito caro”, enfatizou. Antônio da Mata exemplificou dizendo que, “ainda hoje, se quisermos trazer filmes de película para serem exibidos aqui o transporte tem um preço absurdo, enquanto com mídia digital, como o DVD, é mais barato, seguro e funciona da mesma maneira”.

Eles ainda falaram sobre festivais de cinema goianos e o apoio dado pelo poder público, com leis de incentivo cultural e premiação dos festivais. Lisa França acredita que os filmes goianos não perdem em nada para o que é feito em outras regiões do país, mas ainda falta mais apoio financeiro para melhorar.

O evento também traz apresentações culturais diversificadas com shows, performances e dança. A mostra segue até o dia 20 de janeiro, no Goiânia Ouro, é aberta ao público, e somente a entrada do cinema é cobrada, no valor de 2 reais. Para conferir a programação completa clique aqui.