espaços humanidades

Inaugurados Biblioteca, Prédio das Humanidades e Miniauditório Marielle

En 07/12/21 12:18 .

Evento reuniu gestores, docentes, estudantes e homenageou socióloga e política brasileira

Texto: Carolina Melo

Fotos: Carlos Siqueira

A cerimônia de inauguração dos novos espaços das Humanidades na Universidade Federal de Goiás (UFG) foi marcada pela celebração da memória do professor e historiador da UFG, Noé Freire Sandes, falecido em 2020, e, especialmente, pela homenagem a socióloga e política brasileira, Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro (RJ) em março de 2018. O evento reuniu gestores, docentes, técnico-administrativos e estudantes, na segunda-feira (6/12), e teve como destaque a presença do Coletivo Rosa Parks, que situou politicamente a inauguração do miniauditório que leva o nome de Marielle Franco. Além desse espaço, os presentes tiveram a oportunidade de conhecer presencialmente também a Biblioteca Seccional das Humanidades, o prédio das Humanidades 2.

A diretora do Sistema de Bibliotecas da UFG, Maria de Souza Lima Santos, deu início às falas e destacou a participação e empenho da gestão atual e anterior, tanto da administração superior quanto das faculdades envolvidas, para a concretização da Biblioteca Seccional. Os envolvidos, de acordo com a diretora, “acreditaram na importância de uma biblioteca que pudesse agregar um rico acervo na área das ciências humanas”. O espaço, de acordo com ela, contém um acervo de 13.063 títulos. Destes, 548 títulos são do antigo Laboratório de Imagem e Som em Ciências Sociais “que foram transferidos para a biblioteca central da UFG em 2010”.

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Ao falar em nome do diretor da Faculdade de História (FH),  Eugênio de Carvalho, o vice-diretor da faculdade, Breno Mendes, discorreu sobre a importância da memória. “Em tempos difíceis como o que vivemos, precisamos lembrar daquilo que a universidade faz pela sociedade”. E destacou a memória do professor Noé Freire Sandes, que faleceu em setembro de 2020 e foi diretor da FH entre 2013 e 2016. O vice-diretor valorizou também a esperança de um retorno presencial na Universidade “de uma maneira mais significativa”. E para ilustrar o fato de a inauguração da Biblioteca Seccional de Humanidades ocorrer em meio a pandemia, citou o escritor argentino Jorge Luís Borges, que disse: “sempre imaginei o paraíso como uma espécie de biblioteca”. A fala do escritor, segundo Breno Mendes, foi feita quando ele já estava cego e não podia ler de maneira tradicional. “Espero que possamos continuar com a ‘elegante esperança’ de Borges, reconhecendo o valor da biblioteca e a importância da universidade”, disse.

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O diretor da Faculdade de Filosofia (Fafil), Anderson de Paula Borges, afirmou sobre o compromisso e a responsabilidade das quatro unidades acadêmicas na gestão da biblioteca seccional. Segundo ele, a biblioteca das humanidades significa ter por perto um dos espaços mais nobres da universidade. “Apreciamos a diversidade das atividades da universidade. Mas é sem dúvida a biblioteca o espaço que mais faz sentido à universidade”, disse. Destacando o compromisso com a conservação e a memória, o diretor também ressaltou a “ideia muito feliz” de nomear o miniauditório de Marielle Franco.  

Por sua vez, a diretora da Faculdade de Ciências Sociais (FCS), Izabela Tamaso, relembrou que, no princípio, a ideia era de constituição de um laboratório das Humanidades. A partir do momento que foi sendo projetado e pensado, o tempo foi amadurecendo a formulação de uma biblioteca seccional. “O que é o espaço da biblioteca? É um espaço onde se reúne para fazer treinamentos, para estudar e para se pesquisar. E isso também é um laboratório”, disse. De acordo com suas palavras, agora, com a inauguração da biblioteca,  “uma riqueza das humanidades está próxima dos nossos alunos” e acessível a toda a comunidade acadêmica. “Estamos deixando um legado precioso para os que estão passando e ainda vão passar pela UFG”.

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O ex-reitor da UFG e atual diretor executivo da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape), professor Orlando Afonso Valle do Amaral, demonstrou a satisfação de estar presente nas inaugurações dos espaços que foram gestados em sua gestão enquanto reitor e concretizados na atual gestão. Fez o paralelo entre os dois períodos, sendo o primeiro “mais rico”, onde ainda se sentia os benefícios do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), e o segundo mais desafiador. No entanto, de acordo com o professor, mesmo “com todas as dificuldades nenhuma obra ficou sem ser concluída na universidade”. Professor Orlando também relembrou a presença in memoriam do professor Noé Freire Sandes.

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O reitor da UFG, Edward Madureira, comemorou o retorno presencial ao pátio das Humanidades, onde ocorreu a cerimônia de inauguração, e em clima de nostalgia agradeceu aos pró-reitores e diretores das unidades que, de acordo com ele, fizeram a difícil travessia da atual gestão, que enfrentou “dois eventos danosos, como a pandemia, que retirou um pouco o espírito da universidade, e os atuais ataques à instituição de toda ordem, políticos, materiais, legais”. Assim como ressaltou, o cenário adverso vem sendo superado “com muito trabalho e transparência”. “Espero que estejamos saindo desses dois momentos mais fortes”, disse. O reitor também valorizou os espaços de compartilhamento e integração dentro da UFG, como os inaugurados na área das humanidades. “Não há como avançar sem espaços comuns. As saídas sempre são coletivas, compartilhadas com espaços, pessoas e convivência”, disse. E comemorou o fato de no seu final de mandato estar inaugurando espaços tão importantes para a Universidade.

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Coletivo Rosa Parks e o espaço da disputa política

A fala emocionada ficou por conta da professora da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) e coordenadora do Coletivo Rosa Parks, Luciana de Oliveira Dias, que situou politicamente a inauguração do miniauditório que dá nome a socióloga e política brasileira, Marielle Franco. A professora chamou a atenção sobre o significado dos espaços de fala e agradeceu a possibilidade de falar. “Sabemos que ouvir é importantíssimo, mas para mulheres negras como eu, falar é uma oportunidade de tornar os ambientes mais plurais, polifônicos, mais antirracistas e antidiscriminatórios em múltiplas dimensões”, disse. 

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Na sequência a professora apresentou o grupo de estudos, pesquisa, extensão e acolhimento Coletivo Rosa Parks, que, segundo ela, conta com mais de 80 pessoas da comunidade acadêmica, que buscam o acolhimento antirracista como forma de tornar “suportável e, em alguns casos, até prazeroso”, o ingresso, a permanência e a saída na universidade. “E se somos poucos, desde algumas perspectivas que nos classificam, é porque sobre nós recai todo um complexo de preconceitos e discriminações que perversamente nos retiraram, ou não permitiram, o nosso ingresso, neste lugar, a universidade, um lugar de prestígio, poder e de produção de conhecimentos, cruelmente ainda entendido como um lugar não adequado para pessoas que têm as suas identidades, subjetividades e emocionalidades atravessadas pelo racismo estrutural”.

Ainda segundo professora Luciana Dias, “‘não seremos interrompidas’, como assevera Marielle Franco e ‘somos sementes’, germinaremos se lançadas ao chão, que para nós é terra fértil, e ocuparemos respeitosa e amorosamente o miniauditório Marielle Franco, o prédio das Humanidades 2, a UFG, a cidade, o estado, o país e o mundo e nos retiraremos quando nosso destino chegar, um destino escolhido e construído por nós, porque não admitimos ‘nada sobre nós, sem nós’”, afirmou.

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O final do encontro foi fechado com a fala da professora da Faculdade de Filosofia, Carla Damião, que destacou a importância da interlocução entre as áreas das humanidades e situou o espaço da Filosofia no contexto dos movimentos sociais, dando destaque ao movimento feminista PartidA, criado pela filósofa Márcia Tiburi, que “devido sua atuação corajosa” no Brasil, hoje se encontra exilada. “O histórico de luta que liga a Filosofia nesse contexto nos impulsiona a apoiar o nome de Marielle Franco”, afirmou.

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Fuente: Secom UFG

Categorías: Notícias