seminario 60+

Programa da UFG quer inserir estudantes idosos no mundo digital

On 02/22/21 09:47 .

60+ conectad@s foi desenvolvido após pesquisa para identificar perfil do discente desta faixa etária

Luciana Santal

A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da Universidade Federal de Goiás (Prae/UFG) realizou um seminário por meio de uma live no canal UFG Oficial do YouTube, para marcar o lançamento do Projeto 60+ conectad@s, que visa a inserção de estudantes com 60 anos ou mais no mundo digital. A Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC), o Instituto de Informática (INF) e a Coordenação de Inclusão e Permanência (CIP) da UFG estão entre os realizadores do projeto.

De acordo com a titular da Prae, Maisa Miralva da Silva, 50 pessoas com idade acima de 60 anos estudam na UFG; destas, 20 estão vinculadas à Regional Goiânia. As demais são das novas universidades federais, Universidade Federal de Catalão (UFCat) e Universidade Federal de Jataí (UFJ), e também da Regional Goiás. A pró-reitora abriu o seminário e explicou que a realidade do regime remoto da educação trazida pela pandemia exigiu certo domínio das ferramentas virtuais e a UFG quer, por meio do programa, uma aproximação com esse público para juntos enfrentarem os desafios do mundo digital.

seminario 60+
Pró-reitora Maisa Miralva e a psicóloga Lázara Lima (Imagem: captura de tela)

Mediada pela psicóloga Lázara Lima, da PRAE/UFG, a primeira palestra foi proferida pelo presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ICL Brazil), Alexandre Kalache, que falou sobre o tema "Para bem envelhecer, comece já. Quanto mais cedo melhor, nunca é tarde demais". Ele propõe a ideia do “envelhecimento ativo”, processo focado no investimento em quatro capitais: saúde, educacional, social e financeiro.

O próximo passo a partir dessas conquistas seria de se ter sempre um propósito de vida. Kalache salientou que é preciso começar, independente da idade, a investir nesses capitais, pois sempre haverá algum ganho. Ressaltou que uma vida longa é feita também de perdas, como saúde e amigos. Assim, torna-se imprescindível criar essas reservas internas e sair do aposento, ou seja, não se acomodar.

O reitor Edward Madureira, ao cumprimentar Alexandre Kalache, contou da alegria de receber os alunos 60+ na UFG, que se preocupa de verdade com a inclusão. Reiterou uma fala do palestrante sobre a importância de se ouvir o idoso, de saber suas necessidades para o atendimento efetivo das demandas.

A professora Ingrid Greco, com a palestra "Educação digital e cognitiva para pessoas com 60+", trouxe contribuições a partir de suas experiências em sala de aula com esse público. Para ela, não existe um tipo de velhice, mas vários. Ingrid ressaltou que é preciso quebrar preconceitos sobre aprendizagem das pessoas com 60 anos ou mais. Por sua bagagem maior de conhecimentos, elas são capazes de aprender e utilizar as ferramentas digitais com mais facilidade que as crianças.

Para encerrar o seminário, o professor da Universidade Sem Fronteiras, de Fortaleza (CE), José Ricardo Timóteo, apresentou o tema "Empoderamento digital ao longo da vida". Com experiência em gerontologia, explicou sobre os aspectos que devem ser levados em consideração no processo de ensino-aprendizagem dos 60+. Baseado nos quatro pilares “aprender a aprender”, “aprender a conviver”, “aprender a fazer” e “aprender a ser”, afirmou que o ato de aprender dever ser visto como um processo constante de desenvolvimento humano. Assim como a professora Ingrid Greco, ele concorda que não se deve alimentar rótulos, pois o segmento idoso é heterogêneo. Em seu trabalho, desenvolve o método Néctar de Alfabetização Digital, que enfatiza os exercícios práticos com desafios progressivos, para que a autonomia do aluno 60+ seja estimulada.

Estudante Lázara
Estudante de Letras, Lázara de Castro (Imagem: acervo pessoal)

Capacitação

Para determinar as ações a serem desenvolvidas no Projeto 60+ conectados, inicialmente, foi realizada uma pesquisa sobre o perfil desses estudantes. Segundo a pró-reitora, “são homens, mulheres, casados, divorciados, pessoas que trabalham ou que se dedicam exclusivamente aos estudos. Nós queremos chegar a essas pessoas para que elas se sintam extremamente acolhidas e saibam que a UFG se preocupa que todos estejam vinculados a nossa Instituição, e que possam acompanhar as atividades acadêmicas".

Para auxiliar os estudantes com 60 anos ou mais a utilizarem as tecnologias digitais e da informação, discentes do INF e da EMC vão oferecer, juntamente com a Prae, cursos e oficinas para ensinar a manejar plataformas e a ter mais domínio das tecnologias digitais. "Teremos uma programação de oficinas e encontros para fazer essa capacitação. Acreditamos que essa imersão no mundo tecnológico é importante para que tenham o domínio básico e não tenham dificuldades ou qualquer prejuízo para acompanhar as atividades remotas", acrescenta Maisa.

A estudante de Letras – Espanhol, Lázara de Castro (62 anos), conta que teve dificuldades de acompanhar as aulas remotas. “Nas primeiras aulas, eu não conseguia ouvir, depois consegui, mas não conseguia ser ouvida. Depois, assistia as aulas no pc e no celular ao mesmo tempo pra falar e ouvir. Uma loucura! Também tinha dificuldades pra acompanhar, quando a professora dizia, ‘vamos responder pelo chat’, ou então, ‘coloquei as perguntas no drive’. Mas consegui aos trancos e barrancos. Chorei umas duas vezes, gritei de raiva mas passou. Minha turma eram 14 pessoas e as minhas notas foram as mais baixas de todos. Ela está muito confiante de que os cursos de capacitação oferecidos pelo projeto vão ajudá-la a vencer essas dificuldades.

Hélder Rodrigues (61 anos) faz licenciatura em História no Câmpus Samambaia da UFG. Como Lázara, também encontrou obstáculos para seguir com as aulas remotas, apesar de já ter experiências com cursos em formato digital realizados em sua profissão como advogado. Acredita que conversar ao telefone ajuda um pouco nesse processo. “Não nasci na época da internet. Sou advogado e já tenho um pouco de experiência, até porque, na área do Direito, a gente usa muitas ferramentas. Mas as coisas vão mudando”, salientou. Hélder participou do seminário e acredita que “o projeto 60+ conectados, seja na graduação ou pós graduação, será muito importante para se criar um domínio das tecnologias digitais para se proteger das fake News, como bem disse a pró-reitora no lançamento do projeto”.

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Source: Secom UFG

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