Maria Zaira Turchi e Celina Maria Turchi Martelli receberam o título de Professora Emérita na UFG

Vidas dedicadas à paixão de ensinar e defender a educação

On 22/11/19 22:24 .

Maria Zaira Turchi e Celina Maria Turchi Martelli receberam o título de Professora Emérita em cerimônia marcada por memórias, carinho e gratidão

Texto: Caroline Pires

Fotos: Carlos Siqueira

 

Duas mulheres. Duas irmãs. Duas vidas dedicadas à pesquisa e ao ensino. O Auditório Asklepiós, da Faculdade de Medicina, reuniu na última sexta-feira, 22/11, amigos, autoridades e admiradores da trajetória acadêmica de Maria Zaira Turchi e Celina Maria Turchi Martelli para a sessão solene que concedeu a elas o título de Professora Emérita da Universidade Federal de Goiás. As docentes são filhas de Egídio Turchi, um dos fundadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFG, criada em 1962.

Maria Zaira Turchi -  Título de Professora Emérita
Maria Zaira Turchi foi a primeira mulher a assumir a Fundação de Amparo a Pesquisa de Goiás

 

Em um discurso revestido de poesia e leveza, Maria Zaira Turchi compartilhou a alegria de receber a maior honraria concedida pela Universidade. A professora, que ingressou na UFG como estudante em 1974, atuou em diversas funções nas áreas administrativa e docente. "A história com a UFG é a história da minha vida", iniciou sua fala. Ao olhar para essas memórias a professora reforçou que desde a década de 1970 a universidade se expande com qualidade para se tornar a instituição forte que é hoje.  "Ser professora era minha vocação desde cedo. Segui meu percurso e fui fiel a ele. A lente grande e angular da UFG foi me abrindo horizontes para contribuir com o investimento em pesquisa no nosso estado quando estive à frente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás", reforçou. "O dia que não houver lugar para o conhecimento mágico, não há lugar para o conhecimento científico", afirmou.

A professora emérita lembrou que a língua portuguesa proporciona que a gratidão seja expressada de uma forma única e especial. "'Obrigada' quer dizer que fico vinculada, e essa palavra da nossa língua está em um terceiro nível de gratidão possível. Obrigada UFG. Agradeço no sentido mais profundo possível. Fico vinculada e comprometida a continuar meu caminho de dedicação ao ensino e à ciência", concluiu. A professora hoje atua como diretora do Departamento de Infraestrutura de Pesquisa e Política de Formação e Educação em Ciência da Secretaria de Políticas para formação e Ações Estratégicas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações. 

Já Celina Turchi iniciou sua fala lembrando o fato de duas irmãs receberem juntas o título máximo oferecido por uma universidade. "Em linguagem epistemológica, esse momento seria considerado raro", brincou. A professora destacou que a entrega do título a um só tempo para docentes da área de Saúde e Letras vem lembrar novamente o peso da democracia e pluralidade que deve ser cada vez mais incentivado dentro e fora da universidade. "O pensamento científico é antidogmático. Ele se fortalece com o contraditório e com as limitações de respostas. É assim que se cresce. E é por isso que estamos aqui", defendeu.

Celina Maria Turchi Martelli - Título de Professora Emérita
Celina Turchi foi nomeada pela revista Nature como uma das 10 cientistas mais importantes em 2016

 

A docente, que hoje integra o Departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz Pernambuco e é membro da Academia Brasileira de Ciências, foi destaque mundial por conta de suas pesquisas relacionadas à epidemia de Zika Vírus que atingiu o Brasil em 2016 e 2017. Celina Turchi lembrou sua carreira acadêmica e a forma como as pesquisas de campo impactaram sua vida e trabalho. Segundo ela, nesses momentos era possível refletir de forma intensa sobre a saúde pública e a sua presença no Brasil e no mundo. A professora destacou que para além das métricas rígidas da produção científica, o ato de ensinar é acima de tudo um exercício de colaboração e responsabilidade. "Somos todos UFG. Sem dúvida minha família está aqui", se emocionou ao encerrar sua fala.

O diretor da Faculdade de Letras da UFG, Jamesson Buarque, lembrou seu primeiro contato com a professora emérita Zaíra Turchi, ao chegar de Recife para ingressar no Programa de pós-graduação em Letras e Linguística da UFG. "Ela não é apenas uma professora, para mim é muito mais. Zaíra esteve nas minhas bancas de mestrado e doutorado e desde então faz parte da minha história pessoal", afirmou. Ele destacou também o fato de a professora Zaíra ter sido a primeira mulher a assumir a Fundação de Amparo a Pesquisa de Goiás e a maneira como isso impactou positivamente a pesquisa em Goiás à frente da instituição. "A Faculdade de Letras respira a sua presença", concluiu. 

O diretor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), Clecildo Bezerra, enalteceu a trajetória da professora emérita Celina Turchi. "Eu me lembro de você atuando aqui no IPTSP e como conduzia seu trabalho de forma colaborativa, atuando para a formação de qualidade e visando fortalecer e formação de recursos humanos em Goiás e no Brasil". "A carreira da Celina exalta a ciência. Hoje ela é uma pesquisadora do mundo e nos enche de orgulho. Seu exemplo e de sua família nos move e nos conquista. Obrigado pela sua vida de dedicação a ciência. Temos você como uma referência internacional. O mundo é grato por você", encerrou o professor. 

Maria Zaira Turchi e Celina Maria Turchi Martelli receberam o título de Professora Emérita na UFG 2

Participaram da solenidade a vice-reitora da UFG, Sandramara Matias Chaves, o diretor de Relações Internacionais da UFG, Francisco Quaresma de Figueiredo, a professora o IPTSP, Flávia Aparecida Oliveira, o Secretário de Políticas para formação e Ações Estratégicas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcelo Marco Morales, o reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Wolmir Therezio Amado, o reitor da Unievangélica, Joveny Sebastião Cândido de Oliveira, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás, Robson Domingos Vieira, a professora emérita e reitora da UFG entre 1982 e 1986, Maria Rosário Cassimiro, a professora emérita e reitora da UFG entre 1998 - 2002/2002 - 2006, Milca Severino Pereira, o reitor da UFG entre 2014 e 2018, Orlando Afonso Valle do Amaral e o professor emérito Heitor Rosa. 

Homenagem a Egídio Turchi

A cerimônia teve início com o discurso de João Turchi, filho de Maria Zaira Turchi e neto de Egídio Turchi, que foi um dos fundadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFG, em 1962. Em uma fala repleta de emoções, João Turchi lembrou que a história de sua família está entrelaçada com a UFG. Egídio Turchi ensinou e pesquisou as disciplinas Filologia Românica e Latim. Ele foi também o primeiro presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás.

João Turchi

Segundo ele, o bom humor e a alegria eram marcas sempre presentes em seu avô. Em sua longa trajetória de dedicação à educação, Egídio Turchi entendia o ato de ensinar como um processo único e especial e atribuía a profissão de professor um valor imensurável e com potencial transformador na vida do aluno. "Todas as suas palavras eram cobertas de pele, amor e memórias. E agora, estão também cobertas de saudade", concluiu. 

O professor foi casado com a também professora da UFG, Celenita Turchi e teve seis filhos. Além de Maria Zaíra e Celina, Marília Turchi também é docente da universidade. 

Em defesa das Universidade Públicas

"Isso é Universidade Federal de Goiás. Somos engrandecidos por termos vocês como professoras eméritas", emocionou-se o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil. Em seu discurso o reitor reforçou o papel e a seriedade das universidades públicas brasileiras e o seu compromisso com o ensino público, gratuito e de qualidade.

Edward Madureira Brasil - Maria Zaira Turchi e Celina Maria Turchi Martelli receberam o título de Professora Emérita na UFG

Na ocasião, o reitor ainda releu carta da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior, (Andifes) que enaltecem o papel desempenhado pelas instituições. "As universidades públicas são o berço da produção da ciência e tecnologia do nosso país, são essenciais à soberania nacional, ao desenvolvimento econômico e à formação das nossas futuras gerações. São, enfim, um verdadeiro patrimônio do povo brasileiro, que precisa ser valorizado, cuidado e incentivado" reafirmou o reitor da UFG.

Trajetória

A professora Celina Turchi é professora aposentada do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG. Pesquisadora visitante no Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-PE) e membro da Academia Brasileira de Ciências (2018)  recebeu a nominação de revista Nature como uma das 10 cientistas mais importantes em 2016 e da TIME dentre as 100 pessoas mais influentes em 2017 na categoria de “Pioneiros” pela atuação na epidemia de Zika no Brasil. 

A Professora Maria Zaira Turchi é professora titular, aposentada, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, onde atuou de 1978 a 2018. Exerceu diversas funções na UFG e, em sua gestão como Diretora da Faculdade de Letras, foi criado o curso de Letras: Libras na UFG, o que garantiu a inclusão de alunos surdos na UFG. Foi presidente da FAPEG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás e ampliou fortemente a atuação da FAPEG por meio da celebração de convênios e acordos com as agências nacionais (CNPq, Capes, Finep) e organismos internacionais, trazendo mais oportunidades para a comunidade científica em Goiás. Também foi vice-presidente e presidente do CONFAP – Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo.

Confira entrevista para o Jornal UFG com as duas professoras e suas percepções sobre o cenário da pesquisa no país.

Confira o álbum de fotos do evento.

 

 

Quelle: Secom/UFG

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