Memorial 25 de Maio UFG

Cepea cria memorial em homenagem às vítimas de incêndio

Em 26/09/18 15:08.

Tragédia resultou na morte de 10 adolescentes no Centro de Internação Provisória de Goiânia (CIP)

Texto e fotos: Silvânia Lima

Aos quatro meses da tragédia ocorrida no Centro de Internação Provisória de Goiânia (CIP), que culminou na morte de dez adolescentes em consequência do incêndio dentro de uma das celas, familiares e profissionais tocados pelo fato reuniram-se no Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão do Adolescente (Cepea/UFG), para uma roda de conversa e a inauguração do Memorial 25 de Maio. O evento ocorreu sábado, dia 22, na sede do órgão, que fica na Alameda Botafogo, no centro de Goiânia.

O painel com arte em grafite, no muro de entrada do Cepea, criação dos artistas Mateus Dutra e Ebert Calaça, tem por objetivo contribuir para que o fato não caia no esquecimento. “Com essa iniciativa, pretendemos prestar solidariedade às famílias vítimas do incêndio do CIP, registrar na memória da cidade essa tragédia e cobrar ações para que isso não volte a acontecer. Queremos pedir justiça para as dez famílias que perderam seus filhos sob a tutela do Estado, e que Goiás abandone a cultura da cadeia e da polícia para os adolescentes e desenvolva mais a cultura de socioeducação, como prevê a lei e o Estatuto da Criança e do Adolescente”, declarou o professor Altair José dos Santos, coordenador do Cepea.

Memorial 25 de Maio UFG

Painel foi elaborado pelos artistas Mateus Dutra e Ebert Calaça

Num clima bastante acolhedor, o encontro reuniu parentes das vítimas e profissionais de diversas áreas interessados em contribuir, de alguma maneira, com o desenrolar do fato que projetou Goiânia de forma negativa no cenário internacional – a corte interamericana manifestou, por meio de nota, sua consternação com o fato. Entre os presentes, estiveram o reitor Edward Madureira Brasil e o defensor público, Tiago Gregório Fernandes.

Na segunda-feira (24/09), membros do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura estiveram na capital, onde se reuniram com integrantes do sistema de justiça e da sociedade civil. Em Nota Pública recente, o Comitê manifesta preocupação com graves situações de violação dos direitos humanos no sistema socioeducativo brasileiro, em especial em Goiás e no Ceará, onde ocorreram mortes de adolescentes sob a tutela do Estado. Sem muito alarde, o encontro se deu na Faculdade de Direito da UFG.

Marilene Martins de Araújo, mãe de Eliseu Araújo de Castro, uma das vítimas da tragédia do CIP, falou sobre seus sentimentos e sobre suas impressões durante a breve internação do filho naquela unidade prisional. “Ele estava lá há apenas 20 vinte dias. Relatava que às vezes passavam sede, fome e privação de ir ao banheiro como forma de punição. Sinto indignação e impotência, mas tenho esperança de algum reconhecimento dessa tragédia. Vou até onde for preciso”, afirmou.

Professor Altair Memorial 25 de Maio UFG

Coordenador do Cepea, professor Altair José dos Santos, disse que iniciativa tem objetivo de prestar solidariedade e cobrar por justiça

As unidades provisórias de detenção de menores são acompanhadas pela Defensoria Pública, tanto em nível individual quanto em tutela coletiva, prestando assistência jurídica desde o julgamento até a execução das sentenças de vulneráveis. De acordo com o defensor público Tiago Gregório Fernandes, que coordena o Núcleo de Infância e Juventude da Defensoria Pública de Goiânia, desde 2013 já vinham sendo observadas algumas necessidades de adequação e feitas recomendações, de acordo com o previsto na lei, para o Centro de Internação Provisória de Goiânia. Um dos problemas detectados foi a superlotação.

O defensor público tenta convencer as famílias vítimas da tragédia do CIP a optarem por uma ação conjunta contra o Estado, a fim de manterem maior poder de articulação no processo para as reparações cabíveis. Ligado ao curso de Psicologia da Faculdade de Educação da UFG, o Cepea é uma unidade de estudos e apoio a adolescentes.

Fonte: Rádio Universitária da UFG

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