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Museu Antropológico apresenta resultados de projeto com Karajás

Em 21/09/18 07:40.

Apresentação dos resultados faz parte da programação da 12ª Primavera dos Museus

Texto: Caroline Pires

Fotos: Adriano Justiniano

O auditório do Museu Antropológico da UFG reuniu ontem, 20/9, gestores e representantes do povo Karajá para a apresentação e entrega dos resultados do projeto "Bonecas de cerâmica Karajás como patrimônio cultural do Brasil: contribuições para a sua salvaguarda”. A apresentação de resultados diz respeito especificamente ao trabalho desenvolvido a partir de 2015, que contou com inúmeros participantes, sob a coordenação da professora Nei Clara Lima e a antropóloga Rosani Moreira Leitão.

O projeto foi dividido em quatro metas e iniciou-se pela divulgação da cultura Karajá, seguido da formação de gestores autônomos nas comunidades indígenas visando a gestão dos bens culturais. Em um terceiro momento, o projeto buscou promover o intercâmbio e troca de saberes entre o povo Karajá, com diversas atividades, como a realização de oficinas, e finalmente o projeto desenvolveu a meta do fortalecimento da língua karajá incentivando a autoria dos membros da comunidade, o que resultou em um livro bilíngue produzido quase que totalmente pelos indígenas. “O projeto é do povo Karajá, Nosso papel é colaborar para a salvaguarda da cultura deles", resumiu Rosani Leitão.

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Komãntira Karajá discursou em língua nativa durante o encontro

 

Bismael Karajá e Komãntira Karajá compuseram a mesa do encontro e puderam compartilhar em sua língua nativa como foi o processo de construção coletiva do projeto que promoveu impacto direto no dia-a-dia na comunidade. O povo karajá se estende por quatro estados brasileiros e conta com 23 aldeias.

O diretor do Museu Antropológico, Manuel Ferreira Lima, lembrou que o projeto com o povo Karajá é realizado pelo órgão há mais de 10 anos. O professor agradeceu a parceria e sensibilidade do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no projeto e a prontidão para colaborar com a salvaguarda do patrimônio cultural. Em sua fala, ele ainda lamentou o fim do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a perda de mais de 500 peças da cultura Karajá no incêndio recente do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ellen Krohn, representante do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, apresentou o histórico da participação do Instituto no projeto e lembrou o desafio de promover o diálogo com a comunidade karajás, dada a distribuição territorial das aldeias. “Percebemos que a salvaguarda do patrimônio cultural só se dá efetivamente por meio da parceria, tanto com a comunidade indígena quanto com instituições como a UFG", concluiu. 

Participaram também do encontro Beatriz Otto de Santana, do Iphan Goiás, e diversos representantes do povo Karajá, além de estudantes indígenas da UFG, pesquisadores e membros da comunidade externa.

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Comunidade externa e da UFG se reúnem para celebrar o sucesso do projeto

 

Histórico de inclusão na UFG

Durante o encontro a vice-reitora da UFG, Sandramara Chaves, relembrou o trabalho que vem sendo realizado pela gestão para que a inclusão social seja cada vez mais uma realidade na UFG. Ela lembrou que entre os anos de 2006 e 2013 praticamente não existiam negros, indígenas e quilombolas nos cursos de alta demanda na Universidade. Segundo ela, a criação no programa UFGInclui em 2008 foi um marco nacional para a redução das desigualdades e contribuiu diretamente para a lei de cotas no Brasil.

"A UFG tem um papel modelo na questão da inclusão. Temos o respeito e assumimos a responsabilidade da contribuição social para a construção de uma sociedade mais justa", afirmou a professora. Em sua fala, ela lembrou ainda outras ações da UFG na área, como a criação do curso de Licenciatura intercultural indígena, o curso de Pedagogia da Terra e o curso de Direito para os beneficiários da Reforma Agrária.

Por fim, a vice-reitora reforçou que a atual gestão está alicerçada em dois olhares. “Nós nos voltamos para aqueles que compõe a UFG, mas também para a sociedade, por meio de ações de inclusão, mas também de respeito a diversidade e diálogo. Nós sempre atuamos com o compromisso que a UFG cumpra sua função social”, concluiu a professora.

 

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Vice-reitora da UFG recebe relatório sobre o projeto desenvolvido desde 2015

 

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Comunidade Karajá compareceu ao encontro

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Pequena exposição foi montada durante o evento

Fonte: Secom/UFG

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