Grupo de Choro do Instituto Federal de Goiás (IFG)

A voz do estudante tem de ir aonde o povo está

Em 17/08/18 12:29.

Evento de recepção semestral permite que alunos ingressantes se expressem e ocupem Pátio das Humanidades

Texto: Gustavo Motta

Fotos: Adriano Justiniano

Com objetivo de receber os alunos ingressantes para o semestre 2018/2, o Programa Topofilias, coordenado pela professora Rusvênia Silva, promoveu, no Pátio das Humanidades, o evento Bote a boca no Trombone, com uma apresentação de chorinho, cujo repertório incluiu composições da Música Popular Brasileira. A ação, que foi iniciada por volta das 12h, no último dia 15, e que deve continuar na tarde desta sexta-feira (17), possibilita aos estudantes, a oportunidade de se expressar por meio da leitura de poemas, além de exposições opinativas sobre o cotidiano da Universidade e do País.

“Muitas vezes, o aluno não se sente ouvido e, por isso, não há o costume de se interagir com o ambiente da Instituição, do modo que estamos interagindo aqui”, apontou Olexandra Souza, discente do curso de Comunicação Social - Habilitação em Relações Públicas. “O medo de participar da vida na Universidade nos impede de falar e ouvir sobre ela - muitos ficam apenas no ensino, pois não sabem como acessar as atividades em pesquisa e extensão, não se sentem confortáveis para entender como podem fazer parte da vida na UFG, ao invés de apenas passar por aqui”.

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Olexandra Souza (estudante de Comunicação Social - Relações Públicas): "Muitas vezes, o aluno não se sente ouvido", lamenta

Organização

O projeto articula as cinco unidades acadêmicas próximas ao pátio - o Instituto de Física (IF), além das Faculdades de Informação e Comunicação (FIC), História (FH), Ciências Sociais (FCS) e Filosofia (FAFIL). “Essa experiência do diálogo entre os diretores e as Comissões de Extensão de cada unidade, realizada desde janeiro, tem uma importância inédita, no que diz respeito à gestão compartilhada e articulada, com fim de se obter ganhos em produtividade e resultados”, ressaltou a diretora da FIC, professora Angelita Pereira de Lima.

Como uma das unidades acadêmicas mais vulneráveis às condições de risco, decorrentes do anterior aproveitamento precário desse espaço (como a insegurança e o aparecimento da criminalidade), foi papel da FIC provocar as outras unidades, além da própria Reitoria, a exercer um diálogo sobre a segurança e a promoção de medidas para a ocupação do espaço público, em um sentido de revitalização. Desde então, cabe às unidades o fomento às ações no Pátio das Humanidades, por meio de organização, divulgação e providenciamento das condições materiais necessárias à execução das manifestações no pátio.

Evento

Ainda no aquecimento, a organização do encontro disponibilizou uma caixa de som, onde os jovens deram play a músicas que expressam o cotidiano da periferia, como o hip-hop - com direito, até mesmo, a uma pequena passagem da Internacional, hino histórico que representa a luta de movimentos populares contra as injustiças intrínsecas à manifestação do poder econômico. “Essa, fui eu quem colocou pra tocar”, apontou Jonas Hayek, estudante de História (Bacharelado), que ingressou na Universidade em 2018/1.

“Nós precisamos da cultura, da arte, porque ela tem o potencial de provocar a catarse no ser humano”, afirmou. O discente elogiou a iniciativa, pois, quando entrou na graduação, não foi recebido com uma programação semelhante. “É algo diferente, e por isso a ideia é muito bem vinda - aqui é um lugar de convivência, para se falar, cantar, recitar poemas”. João Victor Paes, outro estudante de História, pontua que, desde o começo da revitalização, ainda é sentido um vazio no local, mesmo com os esforços de ocupação. “A utilização de locais como esse é muito necessária, especialmente no caso de ambientes grandes, mas, infelizmente, vazios”.

O Grupo de Choro do Instituto Federal de Goiás (IFG) foi convidado para compor a programação musical do evento. Em atividade desde 2004, o coletivo conta, em sua formação, com os jovens músicos Gabriel (trombone), Gilvane (saxofone e flauta), Breno Menezes (violão), e Marcos (pandeiro). O conjunto, por onde já passaram gerações de estudantes do instituto, é coordenado pelo Professor Lamartine Tavares, e realiza apresentações em eventos, como seminários e festivais de arte e cultura. “Fomos convidados pelo meu professor de trombone, Wagner Milet, a pedido da organização”, destacou Gabriel.

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Grupo de Choro do Instituto Federal de Goiás (IFG) foi convidado a compor a programação musical do evento

O evento conta com o apoio da Atlética Tagarela, composta por estudantes de Comunicação. “Fomos convidados pela Diretoria da FIC a participar da programação na sexta (17), com uma apresentação de ijexá e samba de cabula, ritmos de origem africana”, afirmou Vitória Massimina, representante da agremiação. A estudante acredita que ações como essa integram os membros da comunidade acadêmica, disseminam amizades e fortalecem uma cultura de práticas culturais e esportivas.

Iniciativa

O Programa Topofilias é uma iniciativa que tem o propósito de dialogar com os programas de extensão promovidos no âmbito das unidades acadêmicas próximas ao Pátio das Humanidades, no sentido de ocupar esse espaço, em um contexto de revitalização do local. A coordenadora Rusvênia Silva destaca que a ação pretende “ressignificar o pátio e combater atividades, avaliadas como negativas, que existiam por aqui, tais como o tráfico de drogas”. Contudo, a reorganização tem sido pensada de modo inclusivo, a favorecer a interação das pessoas com o espaço.

As atividades culturais na UFG  integram uma política institucional de incentivo à expressão artística coordenada ou apoiada pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) e visa difundir a produção artística e cultural em variados espaços. “O Pátio das Humanidades é um dos focos de nossa atuação, assim como o Cine UFG, o Centro Cultural UFG e outros espaços”, destacou a pró-reitora adjunta, professora Flavia Maria Cruvinel. A responsável adjunta, que também é diretora de Cultura da Universidade, aponta que a atual política de cultura tem sido exercida desde 2009, mas que ainda está em processo de consolidação e precisa ser documentada.

“Queremos que as pessoas percebam os espaços da UFG como locais de manifestação, e desejamos que os artistas possam ir aonde o povo está, como aqui”, discorreu, lembrando de um trecho da canção “Nos Bailes da Vida”, de Milton Nascimento. A pró-reitora adjunta ainda ressaltou que a política cultural da UFG tem repercutido no cenário externo à instituição, como um serviço à sociedade: “Temos parcerias com grandes eventos, tais como o Festcine Goiânia, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), e o Goiânia em Cena, que fomentam a arte e cultura no âmbito da localidade e da regionalidade”.

Fonte: Secom/UFG

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