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Os desafios e o prazer da Cultura Digital

Em 11/05/18 17:41.

Evento do MediaLab reuniu na última semana estudiosos e entusiastas para tratar sobre Conectividade

Texto: Pedro Lopes

Fotos: Adriano Justiniano

 

Quem escuta o termo Conectividade tem em um segundo o imaginário invadido por um turbilhão de sensações. Como característica de uma época, a conectividade é mais que a simples conexão entre pessoas e coisas, torna-se uma vinculação com seu próprio tempo, um gosto presente em todos os povos. 
São esses os pressupostos que reuniram pesquisadores, estudantes e entusiastas do tema entre os dias 9 e 11 de maio em Goiânia. O evento, que é realizado desde 2014, tem proporcionado aos participantes uma verdadeira experiência em mídias interativas.

O Diretor do Media Lab, Cleomar Rocha, explica que a inserção cada vez maior da cultura digital no dia a dia das sociedades gera reflexões e demanda um olhar atento a essas dinâmicas. Segundo ele, há hoje o atendimento de demanda de vários setores com foco em mídias interativas. “Você lida muito mais com mídias interativas para ações como trabalhar com bancos, pedidos de comida, confirmar ações, além de se comunicar, o que faz com que as mídias interativas estejam normalizadas em todas a ações produtivas, comunicacionais e estéticas  da contemporaneidade”, falou.

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Diante disso, ele lembra que não há perspectiva de não nos vincularmos a essa série de setores, pois “há a utilização cada vez mais normal de serviços como internet banking, aplicativos para solicitação de táxi e para reservarmos um hotel, por exemplo. Estamos cada vez mais conectados.” Questionado sobre os malefícios que podem advir dessa cultura digital cada vez mais profunda, ele observa que “algumas questões não surgiram com a tecnologia, mas herdaram de uma outra cultura. 

Um exemplo disso são os vazamento de informações, roubo online, que não é exclusivamente um problema do meio online, mas que acontece.”No entanto, Cleomar destaca que há mais benefícios do que malefícios. “Hoje, 95% de transações bancárias podem ser feitas em casa em um processo muito ágil. Antes demandavam um tempo enorme, os benefícios sâo muito maiores que os malefícios”.

 

Diversas vertentes


O professor de artes e tecnologia na Universidade Estadual Paulista, Fernando Fogliano, integrou durante o SIMMI um Grupo de Trabalho  com o tema “ Fim da verdade?”. Ele explica que o padrão universal de verdade racionalista cede cada vez mais espaço para as as verdades locais, culturais.

“Há um processo de relativização da verdade para incluir gente na construção dessa verdade. As questões de gênero, por exemplo, ganham muito com isso. Pois a verdade universal não atende necessariamente à maioria. As verdades hegemônicas beneficiam a pequenos núcleos apenas”, disse, frisando ainda que as verdades precisam ser questionadas e a arte tem essa função.

Aliás, o que é ou não real? A resposta pode parecer óbvia no mundo concreto, com base do tato como prova cabal da realidade. A grande discussão que se dá hoje é em torno do que é a verdade na pós-modernidade, em que há a propensão da disseminação de falsificações ou a uma “verdade maquiada”.

Professor na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/UFG), Rodrigo Cássio de Oliveira participou do evento com uma análise de uma instalação do artista plástico argentino Eduardo Plá, intitulada Ilusão Urbana, na qual ele irá discorrer sobre o conceito de virtualidade comparando com conceito do real e as categorias que disso advém.

Rodrigo, que participa pela segunda vez do SIIMI, conta que um dos trunfos do evento é que ele tem um caráter interdisciplinar. “São discussões atuais que interessam vários  setores, desde a própria comunicação,  como a ciência da computação e engenharias.”

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Abertura

Na última quarta-feira, 9/5, o SIIMI teve abertura às com Cleomar Rocha, Suzete Venturelli e Teófilo Augusto da Silva, seguido de coffe break. Em seguida, sob curadoria de Lilian Amaral, houve o Conectividades iberoamericanas, que, além de Cleomar, do Observatório Iberoamericano de Artes Digitales y Electrónicas, reuniu Daniel Cruz, da UCHILE, Daniel Argente, do Observatório de lo Patrimoniable e Marcos Umpièrrez, da ENBA/UDELAR.
Na abertura, a arquiteta Lilian Amaral frisou que um dos desafios do observatório de artes digitais é transferir a lógica “da posse e guarda para o acesso e compartilhamento”. Ela questinou ainda se pode a prática artística gerar lugar e
desbravou sobre as possibilidades tanto físicas quanto simbólicas desse campo. “Mais importante do que gerar respostas, é gerar questionamentos”, disse.

Visando descentralizar o olhar de posse e guarda, o SIIMI e seus parceiros sul-americanos buscam um olhar mais atento para a América Latina. Nesse trânsito surge oportunidade de integração e intercâmbio. Na abertura, Cleomar revelou que em breve haverá acordo selado entre Brasil, Colômbia e Argentina para trânsito livre entre as universidades dos alunos de mestrado e doutorado do Media Lab.
Para a estudante de Artes Visuais Nykassia Deolmondes, 21, o “evento é bastante interessante e oferece muitas oportunidades”, conta a paulistana, que pesquisa as categorias dos termos da arte tecnológica através do Media Lab em São Paulo.

 

 

 

 

 

Fonte: Secom/UFG

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