Boletim Econômico

Vendas do varejo aumentaram em fevereiro

Em 20/04/18 15:41.

Apesar disso, ainda não é possível  apostar em um crescimento consistente da atividade econômica em Goiás em 2018

Depois de duas quedas consecutivas, as vendas do comércio varejista goiano tiveram ligeiro aumento em fevereiro/2018, na comparação com o mês anterior. Naquele mês, a produção industrial do estado ficou estável depois de quatro recuos consecutivos e o setor de serviços registrou crescimento após ter tido queda em janeiro/2018. Essas informações dão sinais claros de que ainda não é possível apostar em um crescimento consistente da atividade econômica em Goiás em 2018. Os indicadores econômicos vão e vem, sem sinalizar nenhuma tendência firme.

A verdade é que a demanda das famílias segue retraída em razão do desemprego que continua elevado. O mercado de trabalho encontra-se em processo de precarização, com as novas contratações ocorrendo predominantemente no âmbito da informalidade. E as informações recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, mostraram que tem aumentado a concentração de renda em Goiás, tal como acontece no Brasil.

Os bancos também não têm contribuído muito para o país sair de vez da crise econômica. A despeito da queda de seus custos de captação, em função das sucessivas reduções da taxa Selic pelo Banco Central, os juros para os tomadores finais continuam muito elevados. Enquanto a taxa Selic está em 6,5% ao ano, algumas linhas de crédito têm taxas de mais de 300% ao ano.

Isso tudo tem abalado a confiança das famílias e reduzido o tamanho e o potencial do mercado consumidor, cuja demanda representa quase dois terços do PIB do país. O mesmo tem ocorrido com os índices de confiança dos empresários, cuja reação se dá por meio da contração dos investimentos produtivos.

Não por acaso, as projeções para o crescimento da economia neste ano vêm caindo. No primeiro relatório Focus divulgado no ano de 2018, no qual o Banco Central reúne as expectativas do mercado sobre o comportamento da economia, a projeção de crescimento para o PIB brasileiro deste ano era de 3,14%. Já no último relatório disponibilizado no dia 13/04/2018, a expectativa de crescimento para o indicador havia caído para 2,76%.

Embora o Banco Central tenha seus méritos em relação ao controle da inflação, parece claro que o ritmo de redução das taxas de juros no país ficou aquém do necessário para fortalecer a dinâmica da economia doméstica. A impressão que se tem é de que é a economia está vivendo de espasmos de crescimento.

No ano passado, houve um impulso adicional no consumo das famílias por conta da liberação dos saques de recursos das contas inativas do FGTS. Neste ano, estima-se que parte do crescimento da produção industrial e das vendas do comércio varejista esteja relacionada à proximidade da Copa do Mundo de 2018, que imprime efeitos positivos sobre as vendas de aparelhos de TV mais modernos.

Sem a retomada da confiança de consumidores e empresários será difícil haver continuidade do crescimento e, por conseguinte, redução do desemprego. O problema é que não se vislumbra a implementação de nenhuma grande medida nesta direção neste ano eleitoral. Ademais, parece difícil haver redução das taxas de juros no país diante da concentração cada vez maior dos empréstimos em um pequeno número de bancos.

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – N. 96/abril de 2018.
Equipe Responsável: Prof. Dr. Edson Roberto Vieira, Prof. Dr. Antonio Marcos de Queiroz e
Igor Nascimento de Sousa.

Fonte: FACE

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