Divulgação_Panteras 89

“Panteras 89” estreia no CCUFG

Evento

: Centro Cultural UFG - Av. Universitária, 1533, Praça Universitária - Setor Universitário

: 10 a 13 de Setembro 2019

Entre os dias 10 e 13 de setembro, de terça a sexta-feira, o público de Goiânia tem um encontro marcado com um coletivo de atrizes legitimamente goiano e bastante experiente no fazer cênico e teatral. As autodenominadas Panteras pretendem oferecer ao público um espetáculo cômico, cuja trama se desenrola entre intrigantes e misteriosas histórias do passado das personagens e conversas reais sobre o universo feminino. O projeto conta com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e com o apoio do Teatro Centro Cultural UFG. A entrada é franca.

Divulgação_Panteras 89

Da esquerda para Direita: Renata Torres, Adriana Veloso, Fabíola Villela, Liz Eliodoraz e Maria Cristina (Foto: Layza Vasconcelos)

 

Segundo a diretora Marcela Moura, que em 2017 concluiu um Doutorado em Arts et médias – Théâtre, na Universidade de Sorbonne (França), em cotutela com a Unirio (RJ), este é um trabalho que desde o início do ano vem sendo criado de forma colaborativa, tendo como base teórica as suas pesquisas sobre Sistemas Teatrais e Processos de Criação. Algo, que, segundo Marcela, culmina em uma montagem contemporânea, performática, que une ficção e vida real, mas que pretende ser leve e divertida para o público.

Onde nascem as Panteras

A pesquisadora e artista Marcela Moura, que atualmente reside entre Paris e Rio de Janeiro, foi convidada pela atriz Adriana Veloso para ler o texto de Moncada, chamado Brujas, que Adriana havia traduzido. Esse foi o ponto de partida para um verdadeiro encontro entre mulheres, veteranas do teatro goiano, para uma criação coletiva. Marcela leu o texto original, mas não se contentou, apesar de ser um autor reconhecido e premiado. Ela achou que as atrizes poderiam colaborar com a adaptação, utilizando suas experiências pessoais. E assim nasceu Panteras 89. Mulheres que falam sobre mulheres, no passado, no presente e no futuro, usando para o desenrolar da trama os mesmos mistérios, viradas, pontos de vistas diferentes sobre um mistério, assim como na peça que inspirou este novo trabalho.

Sobre a ficha técnica ser quase toda composta por mulheres, Marcela explica que foi uma coincidência. “Não houve nenhuma má intenção com os homens”, diz a artista. Foi algo que se formou naturalmente. Nosso papel nesse espetáculo não é empunhar bandeiras, mas desenvolver um sistema aberto de comunicação com o público. É uma conversa sobre intimidades do mundo feminino. Um diálogo livre e prazeroso, sem amarras.

O cenário do espetáculo Panteras 89 ficou a cargo de Letycia Rossi, arquiteta goiana que hoje reside na Alemanha. A interpretação fica por conta das atrizes Adriana Veloso, Fabíola Villela, Liz Eliodoraz, Maria Cristina e Renata Torres, personalidades do teatro, que se conhecem há vários anos, e que em diferentes momentos já trabalharam juntas. A concepção de vídeos também ficou à cargo de Marcela Moura.

Intercâmbio e receitas

Uma das curiosidades do processo proposto por Marcela, está na criação de composições performáticas por meio de jogos e exercícios nada convencionais, que foram gravados em vídeo. A diretora conta que este trabalho vem acontecendo desde o primeiro semestre, mesmo com ela não estando em Goiânia, e que grande parte dele foi via aplicativo de mensagens (Skype). Ela também relata que este processo, virtual e inusitado, se tornou parte da obra. Algo que será compartilhado com o público, em um reconhecimento de que a criação artística é um trabalho processual e dinâmico, como se a obra estivesse em constante evolução, e a apresentação no palco fosse também uma etapa.

Segundo Marcela: “O público vai assistir ao espetáculo e conhecer um pouco de sua fabricação. Vai ver as atrizes produzindo as cenas. E por ter visto o vídeo antes e depois, vai entender como a coisa toda foi feita. Além de se divertir, o espectador terá a cena e a receita para se chegar à cena. Como se o chefe de cozinha ensinasse a fazer um prato, que quando você come, você já sabe como foi feito. Como em uma cozinha aberta aos comensais.”

Um elogio ao tempo presente

O espetáculo também trata de reencontros e memórias. Reencontros e memórias das personagens e das atrizes. São mulheres que falam do passado e se perguntam sobre como chegaram até aqui, até o hoje. Envelhecimento, felicidade, realização, são temas que farão parte do jogo cênico. A diretora ressalta que se trata de um tipo diferente de trabalho com as personagens, e explica: “Eu vivo brincando com as atrizes, pra não se deixarem abduzir. Elas são corpos, pisando neste chão, respirando e falando neste exato momento. Estamos trabalhando com algumas noções de performances, como o fato de estarmos presentes, jogando com o espectador. Ao invés de uma construção psicológica, utilizamos as coordenadas do tempo e do espaço para a construção das cenas. Então, esse espetáculo é um elogio do encontro de atrizes com os espectadores, no presente da cena.”

Sinopse:

Um reencontro de antigas amigas que estudaram juntas em um internato de freiras. Uma reunião, para beber, cantar e falar livremente sobre intimidades. Uma animada conversa, de onde emergem boas lembranças, mas também antigas mágoas. Quando estas amigas decidem escavar suas memórias, elas descobrem certos fósseis que mudam toda a perspectiva que têm do presente. Com muito humor, o público vai descobrir o verdadeiro motivo desta reunião, a partir da revelação de segredos que causam grandes reviravoltas na trama.

Sobre Marcela Moura

Marcela Moura é goiana, mas tem vivido entre Paris e o Rio de Janeiro, para projetos de pesquisa e trabalhos cênicos ligados principalmente à sua Tese de Doutorado, que trata sobre Inteligência Artificial e Teatro, resultado da Pós-graduação feita em Sourbonne (França) em cooperação com a UNIRIO (Rio de Janeiro). Um trabalho que foi muito elogiado pelas bancas tanto brasileira quanto a francesa, e que acabou abrindo várias portas para a pesquisadora, como a publicação de seu livro pela editora l’Harmattan, na França. Atualmente ela também faz parte da European Association for the study of theatre and performance, EASTAP, França, onde Marcela está organizando uma Conferência sobre a pesquisa e o saber teatral, que acontecerá em Lisboa/Portugal. Sobre Goiânia, Marcela diz se sentir imensamente grata, em poder oferecer para sua terra natal esse retorno de seus estudos, através de uma obra cênica. Marcela comenta que tudo de importante em sua vida começou aqui, com o trabalho de atriz, em teatro e cinema. Somente aos 30 anos é que Marcela deixou Goiás, para abrir estas fronteiras artísticas e do pensamento, que trouxeram para sua vida a interdisciplinaridade e a transversalidade. Mais detalhes em: http://lattes.cnpq.br/6635183399105654